A engenheira sanitarista e ambiental Cláudia Pereira Guimarães, doutora em Física Ambiental e professora de Engenharia em Várzea Grande, alerta para os riscos de continuidade dos alagamentos na região da Prainha, em Cuiabá, mesmo com a execução das obras do Bus Rapid Transit (BRT). Confira estudo técnico
Em entrevista ao , a professora explicou que o problema não se limita à drenagem insuficiente, mas envolve também o crescimento urbano desordenado, a impermeabilização do solo e a ausência de manutenção preventiva. “Sem manutenção contínua e integração das obras de mobilidade com soluções ambientais, qualquer promessa de solução definitiva será apenas paliativa”, ressalta.
As galerias pluviais da região foram projetadas para uma realidade pluviométrica antiga e hoje estão defasadas. Entre os fatores que agravam a situação estão galerias antigas e assoreadas, acúmulo de resíduos sólidos e a baixa cota topográfica do Córrego da Prainha. Sem limpeza e inspeção periódica, a eficiência do sistema pode cair em até 40%, conforme parâmetros técnicos de drenagem urbana previstos em normas da ABNT.
Para reduzir os impactos, seriam necessárias medidas estruturais mínimas, como ampliação e modernização das galerias, implantação de bacias de detenção e desassoreamento periódico do córrego.
O traçado do BRT atravessa áreas ambientalmente sensíveis, classificadas como Zonas de Interesse Ambiental (ZIA) e Áreas de Preservação Permanente (APP), o que exige compatibilização das obras de mobilidade com regras ambientais – como preservação de margens, recomposição vegetal e monitoramento pós-obra. De acordo com relatórios da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a integração entre drenagem e gestão ambiental é indispensável para reduzir riscos em áreas urbanas críticas.
Cláudia conclui que não existe solução única para os alagamentos urbanos, mas sim alternativas de curto, médio e longo prazo que dependem de infraestrutura adequada, manutenção preventiva e integração entre drenagem e mobilidade. Para ela, o BRT representa uma oportunidade de corrigir falhas históricas, desde que o projeto executivo inclua de forma clara o detalhamento das soluções de drenagem e medidas ambientais.
Leia matéria relacionada - Obras da Prainha avançam e reduzem risco de alagamentos em Cuiabá
Siga o Instagram do VGN: (CLIQUE AQUI).
Participe do Canal do VGN e fique bem informado: (CLIQUE AQUI).