Clientes denunciam suposto golpe por meio de carta de crédito imobiliário praticada pela empresa A. L Consórcios em Mato Grosso.
Conforme relato de um casal de Várzea Grande e de clientes que denunciaram nas páginas “CPA e região compra e venda” e “Aonde não ir em Cuiabá”, muitos clientes foram enganados pelos supostos vendedores que se aproveitaram do sonho da casa própria para aplicarem golpes.
Ao VGN, a irmã do casal J.V.F. e M.M.O.J., identificada como J.A.V.F., relatou a reportagem nesta segunda-feira (26.04), que no início da semana passada sua irmã comprou uma carta de crédito e pagou a vista R$ 10 mil para o vendedor da A.L Consórcios. Entretanto, ao pesquisarem sobre a empresa, souberam que podia se tratar de um golpe. Logo, no dia seguinte, no feriado de 21 de abril, o vendedor da empresa recebeu o casal que manifestou interesse em desistir.
“Minha irmã não tem casa própria, eles moram com meu pai. Ela me contou que tinham dado uma entrada em um negócio de uma casa, que era como se fosse uma carta de crédito (não falou consórcio, falou carta de crédito). Eles fizeram pagarem antes de assinar contrato, quando o rapaz levou o contrato para ela, ela viu que no contrato estava escrito consórcio, e consórcio, até onde eu sei, não precisa dar entrada e consórcio contemplado é ilegal. Fui pesquisar e vi que eles têm processo recente. Eles apresentaram uma empresa como reserva, tinha vários CNPJs no contrato”, afirmou J.A.V.F.
Segundo J.A.V.F., após alertar a irmã J.V.F. sobre o golpe, J.V.F. procurou a empresa para informar sobre a desistência do contrato, quando foi informada que seria cobrado uma taxa de 10%. Na ocasião, após bate-boca e ameaça de chamar a imprensa e a Polícia Militar, o negócio foi cancelado e o dinheiro devolvido. Ela conta que a irmã pagou R$10 mil, sendo que cerca de R$ 8,1 foram enviados por Pix e o restante passou no cartão.
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“Minha irmã procurou e falou que queria desistir. Eles disseram tudo bem, a senhora vai desistir, nós vamos cobrar 10% desse valor da entrada, por conta do serviço que a gente prestou. Eu falei para ela, se for um negócio legal, antes você perder 10%. Eles ludibriaram minha irmã e seu esposo através de um sonho e não só deles, mas quantas famílias ali, umas seis, sete famílias estavam levando golpe, eles só atendiam com horário marcado. As pessoas estão indo atrás dele achando que é uma coisa legal”, relatou J.A.V.F.
É muita gente levando golpe
Segundo J.A.V.F., que acompanhou o casal, o espaço era bem apresentado na região do Goiabeiras, em Cuiabá: “O lugar era todo bem arrumadinho, atrás do Goiabeiras, todas as pessoas são muito bem apresentáveis, falam muito bem, muito bem vestidos, falam o que você quer escutar. Era um lugar bem grande, não tinha banner, não tinha nada, nem a logo deles, não tinha foto de outras pessoas que já tinham pego a casa. Tinha várias famílias muito humildes, com bebê de colo, roupas simples e de chinelo”, relatou.
Já no grupo “Aonde não ir em Cuiabá” a internauta Letícia Luana publicou alertando sobre o golpe: “Golpistas Grupo A.L Consórcios com carta contemplados. Tudo mentira, esse é um dos vendedores, compartilhem até chegar em uma emissora. São de Cuiabá. Perdi muito dinheiro, até o que eu não tinha”, relatou.
A mesma internauta alertou no grupo “CPA e região compra e venda”: “Gente cai num golpe de consórcio, não caia nessa roubada. Isso só enrola e nunca sai o dinheiro. Eles pegam o dinheiro da entrada, depois somem e mandam um robô responder. Gente isso é sério agiram de má fé comigo”, alertou.
Em nota enviada ao VGN, a Polícia Civil informou que a Delegacia Especializada do Consumidor (Decon) possui algumas investigações contra representantes da empresa A.L. Consórcios em Mato Grosso. A conduta investigada trata-se da venda da carta contemplada de consórcio, que é a mesma prática que representantes de outras empresas do mesmo segmento (que também são alvo de investigações da Decon), já aplicaram em diversos consumidores da região metropolitana”, cita nota da PC.
“Na situação, o representante da empresa faz o anúncio de venda de um imóvel, oferecendo vantagens, dizendo que a compra é facilitada até mesmo para pessoas com nome negativado. A vítima procura o representante que fala que o dinheiro estará disponível na conta em poucos dias. Somente após pagar todas as taxas, a vítima fica sabendo que está fazendo parte de um grupo de consórcio" explica nota.
Segundo o delegado da Decon, Rogério Ferreira, as investigações não são contra a empresa em si, mas sim contra os representantes que atuam no Estado de Mato Grosso, que utilizam o nome da empresa para atuar com esse tipo de prática. Ele orienta que as pessoas que se sintam prejudicadas procurem a Polícia Civil para registrar o boletim de ocorrência.
“Todos os casos registrados estão sendo investigados pela Polícia Civil para averiguar o caso de cada vítima e se a situação configura a tipificação penal.”
Outro lado – Procurado pela reportagem, o vendedor que atendeu o casal respondeu ao VGN que atualmente atua como consultor financeiro na empresa, onde trabalha comercializando cotas de consórcio de todos os segmentos, incluindo imóvel. Logo após se identificar e ser informado sobre a denúncia enviou nota respondendo que a empresa tomará as medidas judiciais cabíveis caso não sejam apresentadas as provas. Veja abaixo a nota na íntegra.
Desde já informo que a empresa AL CONSÓRCIOS não compactua e não procede com qualquer prática irregular ou ilegal.
A empresa AL CONSÓRCIOS é representante comercial de Administradoras de cotas consorciais, desta forma, revende as referidas cotas ao consumidor final e, este último, assina os contratos e documentos devidos que ostentam claramente informações sobre o produto que comprou.
Logo, a AL CONSÓRCIOS, vende cotas de consórcios. Com uma breve pesquisa pela Internet com o termo "o que é consórcio?" É possível entender qual é o produto vendido.
Considerando a acusação mencionada por vossa senhoria, bem como, que a al consórcios não tem dentre os seus procedimentos qualquer prática irregular ou ilegal, indicamos ser muito importante que vossa senhoria tenha em mãos as provas de todas as suas alegações, envie-as à empresa, a fim de que a empresa possa investigar e tomar ciência dos fatos, sanando-os, caso realmente verdadeira e comprovada a situação alegada, assim como seja algo de nossa responsabilidade.
Em tempo, adverte-se que proferir acusações, injúrias, difamações sem qualquer prova, apenas com base em comentários e boatos e, mesmo sem ser cliente da empresa, pode ocasionar a responsabilização civil e criminal por tais atitudes com as medidas judiciais cabíveis.
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