Em discurso na Câmara Municipal de Caxias do Sul (RS), o vereador Sandro Fantinel (Patriota), deu um “conselho” a produtores de vinícolas da região: não contratar trabalhadores da Bahia, mas sim da Argentina.
“Agricultores, produtores, empresas agrícolas que estão neste momento me acompanhando, eu vou dar um conselho para vocês: não contratem mais aquela gente lá de cima. Conversem comigo, vamos criar uma linha e vamos contratar os argentinos, porque todos os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palmas”, afirmou.
“[Os argentinos] São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e, no dia de ir embora, ainda agradecem o patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro recebido.”
Em sua fala, o vereador criticou a ação de resgate de trabalhadores nordestinos em situação de escravidão em vinícolas gaúchas.
E prosseguiu: “Em nenhum lugar do estado, na agricultura, teve um problema com um argentino ou com um grupo de argentinos. Agora, com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que se fosse ter esse tipo de problema”.
No último dia 22, a Polícia Federal (PF), em ação conjunta com o Ministério do Trabalho e Emprego, identificou cerca de 180 trabalhadores submetidos à situação análoga à de escravo, mantidos em um alojamento, no município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
Ainda de acordo com a PF, os trabalhadores eram recrutados de outros estados por uma empresa prestadora de serviços de apoio administrativo. Eles estavam sem receber salários e tinham sua liberdade de locomoção restringida.
Nas redes sociais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), classificou o discurso do vereador como “xenofóbico e nojento”. “Não admitiremos esse ódio, intolerância e desrespeito na política e na sociedade”, completou.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também condenou as falas de Fantinel nas redes sociais. “Repudio veementemente a apologia à escravidão e não permitirei que tratem nenhum nordestino ou baiano com preconceito ou rancor”, escreveu.
“É desumano, vergonhoso e inadmissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana”, finalizou.
Em nota, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul afirmou que instaurou um inquérito policial para apurar os fatos, além de solicitar à Câmara Municipal de Caxias do Sul as imagens da sessão de terça-feira.
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