O uso frequente de maconha, mesmo na forma de comestíveis, pode provocar danos aos vasos sanguíneos semelhantes aos causados pelo cigarro comum. É o que aponta uma pesquisa da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
O estudo avaliou mais de 50 pessoas saudáveis, divididas em três grupos: usuários frequentes de maconha fumada, consumidores regulares de comestíveis com THC (composto psicoativo da planta) e não usuários. Os participantes usavam cannabis ao menos três vezes por semana, havia pelo menos um ano.
Os pesquisadores aplicaram um teste vascular conhecido como dilatação mediada por fluxo, que analisa a função da principal artéria do braço direito. O exame mede a capacidade de dilatação dos vasos após uma interrupção temporária do fluxo sanguíneo — resposta mediada por óxido nítrico, substância essencial para o relaxamento das artérias.
Segundo os cientistas, o uso de THC compromete essa função. A dilatação foi 42% menor nos fumantes de maconha e 56% inferior entre os que consumiam alimentos com a substância, em comparação aos não usuários. A redução na função vascular foi comparável à observada em fumantes de cigarro convencional.
O comprometimento está ligado à inflamação das células endoteliais, que revestem os vasos sanguíneos e regulam o fluxo de sangue. A longo prazo, isso pode favorecer a formação de placas nas artérias, elevando o risco de infarto, AVC e insuficiência cardíaca.
Os autores destacam que os danos observados variaram de acordo com a dose de THC. Quanto maior o consumo, maior o impacto sobre os vasos. Apesar disso, o estudo não confirma que o uso de cannabis seja a causa direta da disfunção vascular, mas indica uma associação preocupante.
O THC é o principal componente psicoativo da maconha. Diferentemente do canabidiol (CBD), utilizado com fins medicinais, o THC está relacionado a efeitos recreativos e ainda gera debates sobre seus riscos à saúde..
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