O advogado André Stumpf, responsável pela defesa do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), afirmou nesta sexta-feira (16.02), que o dinheiro que o gestor aparece recebendo em vídeo é de pesquisa eleitoral encomendada pelo ex-governador Silval Barbosa. A pesquisa teria sido realizada pelo Mark Instituto de Pesquisa, de propriedade de Marco Polo de Freitas Pinheiro (Popó), irmão do prefeito.
“O valor é referente ao pagamento de pesquisa do Instituto Mark. A defesa irá provar a relação do dinheiro recebido com valores devidos a pesquisa. O prefeito Emanuel foi apenas nessa vez que aparece na gravação receber o dinheiro em nome do irmão”, declarou o advogado ao final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara de Vereadores de Cuiabá.
Sobre o depoimento do ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Sílvio César Corrêa, realizada hoje na CPI, no qual garantiu que Pinheiro recebeu propina enquanto era deputado estadual em 2013, o advogado disse que já esperava pelas declarações, pelo fato do depoente correr risco de ter o seu acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) anulado.
“Se ele confirma isso, que a propina foi para pagar a pesquisa eleitoral, a delação dele seria rescindida automaticamente, e ele voltaria para a prisão. Ele seguiu a sua linha de defesa, que é a sua delação”, disse Stumpf.
Ainda, em relação as declarações de Sílvio, o advogado afirmou que o depoente não explicou a visita realizada em 2012 ao Mark Instituto de Pesquisa em ano de campanha eleitoral, como também “saldo” a receber que a empresa do irmão do prefeito teria a receber do grupo político de Silval em relação as pesquisas eleitorais (tendo feitas mais de 300) realizadas naquele ano e não pagas.
O advogado reafirmou que a gravação do ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Alan Zanata, não foi distorcida, e que uma perícia técnica foi feita a pedido da defesa de Pinheiro.
Sobre o vídeo, que se encontra apreendido na Polícia Federal, Stumpf explicou que a gravação deve provar a inocência do prefeito, como também trazer “novas provas” da prática de crime de Sílvio e Silval.
“Ninguém percebe que no áudio ele diz para o Alan Zanatta que a cereja do bolo era o Emanuel Pinheiro porque ele é único que serve de vitrine e para dar peso da delação premiada. Hoje nós temos certeza que ele (Emanuel) é único que dá peso e convalida a delação premiada. Simplesmente isso”, declarou.
Apesar da declaração, Stumpf afirmou que a defesa do prefeito não tem intenção de anular a delação de Sílvio César Corrêa ou qualquer outra pessoa que realizou o acordo com a PGR.
Sobre a ida de Emanuel Pinheiro à Câmara, para prestar depoimento, o advogado disse que o gestor pode vim a depor na CPI do Paletó, mas declarou que irá depender do andamento e dos depoimentos prestados na Comissão Parlamentar de Inquérito.
Na entrevista, o advogado questionou a forma que está sendo feita a condução das investigações pela Polícia Federal em relação ao recebimento das supostas propinas por parte dos deputados e de ex-parlamentares.
“Hoje tem se concentrado muito na pessoa do Emanuel Pinheiro, em decorrência de outras pessoas não. Entendo que há outras circunstâncias por trás. Eu pedi ao ministro Luiz Fux o desmembramento da ação para acelerar o andamento, para provar que devidamente ocorreu, mas não nessa forma que está acontecendo. A Polícia Federal em cima de material de defesa, que exclusivamente da defesa, que é aquela perícia que solicitei, eles vêm se utilizando tentando a todo custo desqualificá-la. Isso tem um motivo, uma razão”.
Além disso, o advogado apontou que o pedido de abertura da CPI contra Emanuel, no que se refere ao crime de obstrução de justiça, é “idêntico” ao requerimento apresentado pela defesa de Sílvio César Corrêa no Supremo Tribunal Federal apontando a suposta obstrução de justiça do prefeito. “A questão de obstrução de justiça não caberia à CPI”.
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