Uma organização criminosa de São Paulo foi desmantelada pela Polícia Civil após furtar R$ 300 mil de um caixa eletrônico em Sorriso, a 397 km de Cuiabá. A operação, deflagrada nesta quinta-feira (15.05), resultou no cumprimento de 38 mandados: 13 de prisão, 10 de busca e apreensão, e 15 de sequestro de bens, incluindo o bloqueio de valores em contas bancárias.
Os mandados foram cumpridos nas cidades de Mauá, Araraquara e São Paulo. As prisões são resultados de um furto praticado em 22 de agosto de 2024, quando criminosos violaram um terminal eletrônico recém-instalado em Sorriso.
O grupo operava de maneira sofisticada: interceptava o transporte dos caixas eletrônicos, violava previamente os sistemas de segurança para fragilizar os equipamentos e, depois, realizava o furto de forma "limpa", sem causar danos visíveis. A operação em Sorriso não foi isolada — os criminosos se revezavam entre as ações para dificultar a identificação e atuavam em diferentes núcleos.
Após subtrair o dinheiro, os envolvidos realizavam depósitos em contas de familiares, caracterizando o crime de lavagem de dinheiro. Segundo o delegado Sued Dias da Silva Júnior, da GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado), os criminosos pernoitaram em Sinop após o furto e, no dia seguinte, realizaram os depósitos usando envelopes bancários. “A partir desse momento, o dinheiro ilícito ingressa no sistema bancário formal, o que caracteriza lavagem de dinheiro”, explicou. Os familiares envolvidos foram indiciados como "laranjas".
Monitoramento e rastreamento
O sistema de monitoramento identificou que um Fiat Argo cinza, utilizado no crime, saiu de São Paulo e percorreu cidades do norte de Mato Grosso entre os dias 20 e 24 de agosto, retornando depois ao estado de origem.
No dia do furto, o veículo passou por Sinop às 12h40, seguiu para Sorriso, com o furto ocorrendo às 16h20. Depois, retornou a Sinop por volta das 17h50, onde permaneceu dois dias estacionado em uma quitinete. Quatro homens estavam hospedados no local antes de retornarem a São Paulo.
O carro era alugado por uma mulher em Mauá (SP) e, ao longo do trajeto, passou por vários pedágios sem efetuar pagamento, utilizando TAG veicular. O extrato do uso dessa TAG ajudou a polícia a mapear o trajeto completo.
Apuração detalhada
A Polícia Civil conseguiu identificar os autores diretos do furto por meio de imagens das câmeras de segurança. Um dos criminosos usava colete simulando ser segurança, enquanto o outro carregava uma maleta de ferramentas, se passando por técnico de manutenção. A maleta foi adquirida em uma loja de ferramentas de Sinop, localizada no bairro Jardim Jacarandás.
Imagens de bancos em Sorriso e Sinop confirmaram que os suspeitos realizaram os depósitos em dinheiro no dia seguinte ao furto.
Estrutura criminosa
As investigações confirmaram a existência de uma facção estruturada, formada por ao menos quatro indivíduos com funções específicas: o líder financiava a operação (hospedagem, transporte, ferramentas), o segundo atuava como técnico de abertura do terminal, o terceiro fazia a segurança da falsa manutenção e o quarto era o olheiro responsável pelo monitoramento externo.
Segundo o delegado Sued, trata-se de uma organização com atuação interestadual e uso de informações privilegiadas, o que permitia violar terminais eletrônicos com rapidez e sem deixar vestígios.
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