O delegado Antenor Pimentel afirmou em entrevista à imprensa na manhã desta quinta-feira (03.07) que os investigados da Operação Yang tentavam fortalecer uma nova facção criminosa com apoio de uma organização de São Paulo, formada por “desistentes” ou expulsos da facção dominante em Mato Grosso. O grupo eliminava rivais para dominar os territórios de Sorriso e São Paulo.
Pimentel revelou que a relação entre os integrantes da facção predominante é “complexa”. Segundo ele, há quem desista de participar por conflitos internos ou por se sentir injustiçado, e há aqueles que são expulsos — e, por isso, têm a morte decretada.
“Essas pessoas têm duas opções: fugir do Estado ou permanecer aqui e se fortalecer de alguma forma. E é o que eles fazem. Montaram uma facção de desistentes e, em algum momento, foram abraçados pela facção paulista”, explicou o delegado.
A motivação desses desistentes ou expulsos para matar rivais era, em muitos casos, o sentimento de injustiça dentro da facção original. Um dos exemplos apurados durante a investigação foi o caso da tia de um dos faccionados da nova organização, que teve a morte decretada sem motivo plausível, segundo o delegado.
“Existem conflitos e injustiças dentro da facção predominante. Como no caso da tia de um faccionado que foi ‘decretada’, da esposa que também teve a morte ordenada injustamente, do ataque à família deles... Isso gera uma revolta dentro da facção, levando à expulsão de alguns integrantes, que então se unem a outras facções”, disse.
Ainda de acordo com Pimentel, a investigação apontou que o grupo não tinha um propósito definido, além de eliminar os rivais. “Basicamente, o objetivo é eliminar. Tanto que isso implica no aumento do número de homicídios registrados”, concluiu.
Estrutura da facção
A investigação aponta que a facção criminosa era altamente estruturada, com divisão de tarefas e hierarquia clara (por meio de Regionais, cargos e funções), objetivando vantagens ilícitas por meio de práticas penais graves como homicídios, tráfico de drogas e sequestros.
A estrutura contava com a ocupação de cargos específicos como “Geral do Estado”, “Coringa Geral”, “Hórus”, “Regionais”, “Disciplina”, “14”, “missionário”, “irmão”, “companheiro” (CP) e “família” (FML), sendo cada função responsável por atribuições operacionais ou disciplinares na estrutura da organização criminosa.
O controle dos integrantes e das atividades da facção criminosa era mantido por meio de uma lista denominada “Tabuleiro de Numerada”. Através das investigações, evidenciou-se que a lista funcionava como instrumento de gestão interna da organização criminosa, contendo cadastros organizados por nomes, vulgos, regionais e aplicativos usados pelos faccionados, permitindo controle e atualização constante.
Os integrantes da organização criminosa utilizavam símbolos próprios, expressões codificadas e difusão de estatuto e cartilhas para padronização da conduta e coesão interna, expansão territorial e supremacia da facção criminosa armada sobre facções rivais, especialmente sobre o grupo criminoso, que comandava a região anteriormente e que foi alvo da Operação Recovery.
Interações criminosas
As investigações apontaram que os integrantes da facção criminosa tratavam diversos assuntos relacionados à atuação do grupo, sendo palco para discussões que abrangiam desde a execução de homicídios de rivais (mencionados como lixos), sequestros, tráfico de drogas, aquisição e exibição de armas de fogo (ferros), além da divulgação de vídeos com imagens de cadáveres de inimigos, como forma de exaltação e intimidação.
Além disso, também tratavam da proteção de familiares, disseminação de ordens e planejamento de contra-ataques, tudo de forma estruturada e ordenada, bem como com absoluto comprometimento à facção.
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