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Cidades Segunda-feira, 14 de Julho de 2025, 14:24 - A | A

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Ouvidoria

Várzea Grande: Cidadãos pedem socorro e Prefeitura deixa 67% dos pedidos sem resposta

Um em cada três problemas relatados pela população recebe solução

Rojane Marta/ VGN

Quando "Maria da Silva" ligou para a Ouvidoria de Várzea Grande em janeiro para reclamar da falta de iluminação na rua onde mora, ela não imaginava que cinco meses depois ainda estaria esperando uma resposta. A história de Maria se repete em dezenas de lares da segunda maior cidade de Mato Grosso: cidadãos que buscam soluções para problemas básicos do dia a dia e encontram o silêncio da administração municipal.

O cenário é confirmado pelo relatório estatístico da Ouvidoria Municipal de maio de 2025, publicado oficialmente no site do município. Conforme relatório, a Prefeitura de Várzea Grande respondeu um terço das manifestações registradas pela população junto à Ouvidoria Geral no mês de maio de 2025, ou seja, de cada 10 pedidos feitos pela população, 3 recebem resposta. De um total de 105 demandas recebidas, 70 ainda estavam pendentes de resposta até o encerramento do período, uma taxa de abandono de 67%.

As Secretarias de Educação (18 pendências), Saúde (13) e Meio Ambiente (8) estão entre as que mais acumularam reclamações, denúncias e pedidos sem retorno. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano, por exemplo, não respondeu a nenhuma das 11 manifestações recebidas. A de Obras respondeu 3 das 12. Já a de Administração e a de Assistência Social também não prestaram qualquer resposta.

Apesar de a Lei de Acesso à Informação e a legislação municipal estabelecerem a obrigatoriedade do atendimento rápido e transparente ao cidadão, o relatório demonstra uma rotina de descumprimento. A Ouvidoria, vinculada à Controladoria Geral do Município, afirma monitorar as respostas e reencaminhar as cobranças por meio de comunicações internas, mas os dados evidenciam a falta de resolutividade das pastas envolvidas.

No setor de fiscalização da Secretaria de Serviços Públicos, 13 manifestações foram registradas, das quais nove foram solucionadas.

O relatório também aponta que 29% das manifestações de maio foram direcionadas à Secretaria de Serviços Públicos, 16% para a Saúde e 16% para a Educação. As categorias de manifestação mais comuns foram reclamações, denúncias e solicitações de serviços.

Embora o documento ressalte o compromisso com a transparência e mencione canais de atendimento como e-mail, WhatsApp e protocolo eletrônico, a baixa taxa de respostas efetivas demonstra falha no principal objetivo da Ouvidoria: ser um elo entre população e gestão.

A Ouvidoria não apresenta nenhuma medida corretiva no relatório, prazos para resolução ou responsabilização das Secretarias que sistematicamente ignoram os cidadãos. A falta de transparência sobre as providências adotadas também compromete a utilidade do próprio relatório, que se limita a quantificar demandas sem resolver a origem do problema: a inércia da gestão municipal.

O que mais chama atenção é o perfil das demandas. 38% são denúncias - um sinal vermelho que indica possíveis irregularidades espalhadas pela cidade. Outros 30% são reclamações diretas sobre serviços que não funcionam.

O perfil de quem busca ajuda

Os dados revelam também o perfil de quem procura a Ouvidoria. 59% das pessoas se identificam ao fazer suas solicitações, enquanto 41% preferem o anonimato. Entre os identificados, há uma predominância feminina: 33 mulheres contra 24 homens, além de 5 pessoas jurídicas.

As principais formas de contato são o sistema Fala.BR (32%), e-mail (29%) e telefone (27%). Apenas 12% das pessoas se dirigem pessoalmente à Ouvidoria, possivelmente por descrença na efetividade do atendimento presencial.

A Ouvidoria Municipal funciona na avenida Castelo Branco, nº 2500, Centro Sul, e pode ser contatada pelo telefone 0800-647-4142, WhatsApp (65) 98472-3140 ou e-mail [email protected].

O nome citado no começo da reportagem é fictício, criado para preservar a identidade do denunciante.

O QUE DIZEM OS NÚMEROS:

- 105 demandas recebidas em maio/2025
- 70 pedidos ficaram sem resposta (67%)
- Fiscalização é o maior problema (13 casos)
- Educação: 18 demandas pendentes, apenas 2 respostas
- Saúde: 13 pendentes, 4 respostas
- Desenvolvimento Urbano: 11 pendentes, zero respostas
- Iluminação Pública: única área eficiente (80% de resolutividade)

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