Um corredor comercial de 2,8 quilômetros de extensão, onde se encontram instaladas várias concessionárias de veículos e auto peças, a Avenida da FEB, em Várzea Grande, vive seus piores momentos pós Copa do Mundo de 2014.
Com obras iniciadas em 2012, e sem prazo para conclusão, a avenida da FEB ficou cortada de fora a fora, esperando por um modal do futuro, o Veículo Leve sobre os Trilhos (VLT). O que era promissor para os comerciantes instalados na Avenida, virou o pior pesadelo. Basta passar pelo local para constatar o declínio econômico vivenciado pelos empresários instalados na FEB, são lojas e mais lojas fechadas, abandonadas.
Os empreendimentos que sobreviveram no local, convivem com a obra abandonada, em uma avenida estreita, sem contornos, quando existem, improvisados, sem nenhum tipo de sinalização, gelos baianos mal colocados e nenhum espaço para travessia.
Enquanto isso, o maior culpado da crise econômica da FEB, o VLT, somente será concluso se a União Federal disponibilizar R$ 600 milhões – valor apontado pela consultoria técnica contratada por Taques, como necessário para concluir o modal. A informação é do governador de Mato Grosso Pedro Taques (PSDB).
De acordo com Taques, a conclusão do modal depende da União disponibilizar a verba, pois, se depender de recurso do Estado, a obra não será terminada. O governador afirma que se tivesse, hoje, R$ 600 milhões em caixa do Estado, daria preferência em construir cinco hospitais regionais em Mato Grosso ao invés de terminar as obras do modal.
O tema – conclusão do VLT -, foi discutido no início do mês de junho, em reunião com o governador e o ministro das Cidades, Bruno Araújo, em Brasília. Na ocasião, o governador pediu aporte financeiro para concluir as obras, mas ainda, não recebeu nenhum posicionamento da União.
Cristo Rei – As obras da Avenida da FEB – via responsável por ligar a divisa de Várzea Grande à divisa com Cuiabá, passando pelos bairros Jardim Cerrados, Ponte Nova, Cristo Rei, Manga e Alameda - não prejudicaram somente os comerciantes instalados ao longo de sua extensão, mas também aos comerciantes do Grande Cristo Rei.
Em entrevista ao VG Notícias Impresso, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Várzea Grande (Acivag), empresário Adalton Tuim, diz que as obras inacabadas atingiram os comerciantes do Grande Cristo Rei, já que quem vem de Cuiabá para Várzea Grande tem que enfrentar um longo trajeto para ter acesso ao bairro.
“Hoje, com essas obras inacabadas, há poucos acessos para o Grande Cristo Rei, por meio da FEB. Essa divisão que foi feita por conta das obras do VLT, deixou um único lugar para atravessar, que é o Viaduto Dom Orlando Chaves. Quem vem de Cuiabá, não tem como entrar no Cristo Rei, precisa fazer um longo trajeto” destaca.
Tuim relata que a classe empresarial já está desacreditada na conclusão das obras do VLT. “Não vejo uma luz no fim do túnel. O governo disse que precisava saber qual o real valor para terminar as obras do VLT, pois bem, contratou uma auditoria que constatou ser necessários R$ 600 milhões para a conclusão do modal. Tá, mas e aí? Ele chegou a um denominador comum, mas não tem recurso para pagar. A pergunta que fica é até quando a Avenida da FEB vai ficar nestas condições?” indaga.
Proprietário do primeiro shopping automotivo de Várzea Grande – “Auto Shopping Fórmula”, instalado em 2007 na avenida da FEB – época em que a via ainda estava no auge -, o empresário Sebastião dos Reis Gonçalves – popular Tião da Zaeli -, afirma que os comerciantes foram os mais prejudicados com as obras paradas do VLT.
“A sociedade como um todo, e em especial os comerciantes, foram muitos prejudicados com essas obras paradas do VLT. Agora, se o governo tem o convencimento, tem um estudo, que isso não é viável [conclusão das obras], nem economicamente nem politicamente, ele tinha que chamar a sociedade, principalmente o empresariado para conversar” destaca em entrevista ao VG Notícias Impresso.
Para o empresário, a avenida mais prejudicada foi a da FEB, e por isso, o governador Pedro Taques deveria se reunir com os empresários instalados na via e apresentar pelo menos uma alternativa. “Acho que ele [Pedro Taques] tinha que fazer uma escuta, uma reunião com os empresários da FEB, que dê pelo menos uma alternativa, para trafegar com segurança pelo local, arrumar os contornos, que hoje você não tem como contornar, arrumar acesso para o Cristo Rei, então já que ele tem este convencimento, ele deveria chamar os empresários envolvidos, e prejudicados para uma conversa”.
Zaeli relata os prejuízos enfrentados pelos comerciantes da FEB. “Além de muitos comércios terem fechados, o movimento diminuiu, se perde muita venda, pois não tem como o consumidor parar, além de não ter opção de rotatórias ao longo da via, sem contar os constantes acidentes que assustam quem trafega pelo local. Houve uma desvalorização no imóvel em torno de 50%, pois, a estimativa do comércio ali, antes das obras era outra. O entendimento do empresariado da avenida da FEB é que chamar o governo hoje para conversar é perder tempo” desabafa.
Outro lado – Por meio da assessoria, o governo de Mato Grosso informou que já assegurou mais R$ 200 milhões para dar continuidade às obras do VLT e que o Estado já conseguiu liberação de R$ 400 milhões junto à Caixa Econômica Federal (CEF), por meio de empréstimo e financiamento. Apesar disso, não há previsão para a retomada das obras.
Inicialmente, a obra foi licitada por R$ 1,477 bilhão, e já consumiu R$ 1,06 bilhão do dinheiro público - e o Consórcio VLT quer mais R$ 1,3 bilhão para entregar o modal de transporte. Portanto, o impasse entre governo do Estado e o Consórcio continua, já que a consultoria contratada pelo governador aponta que com mais R$ 600 milhões seria possível concluir o modal.
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