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Cidades Domingo, 15 de Setembro de 2024, 14:30 - A | A

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cobertura vegetal

Estudo mostra antes e depois da cidade de Sinop

Município do norte de Mato Grosso tinha 74% de floresta, número que caiu para 44%

Lázaro Thor/VGN

O crescimento agrícola na Amazônia Legal, especificamente em Sinop, no norte de Mato Grosso, tem chamado atenção de cientistas e ambientalistas. Um estudo recente revelou as profundas transformações no uso da terra na região, destacando o impacto da expansão agrícola e urbana entre 1985 e 2022. O estudo foi publicado no Periódico Técnico e Científico Cidades Veredes.

Na região norte de Mato Grosso, Sinop é a segunda cidade com o maior produto interno bruto (PIB), atrás de Sorriso (IBGE, 2021). Devido ao seu terreno predominantemente plano, é uma região muito favorável para a agricultura. Além disso, é a cidade mais populosa (196.067 habitantes) e teve o maior aumento populacional em um curto período na região, com um crescimento de 73,36% entre 2010 e 2022. Consequentemente, a paisagem da floresta sofreu mudanças significativas como resultado da acelerada atividade antropogênica na região.

A análise, conduzida por pesquisadores com base em dados da plataforma MapBiomas e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica um período crítico de mudanças no território, marcado pela conversão de áreas florestais em fazendas e cidades.

Área florestal de Sinop caiu para 44%

De acordo com o estudo, a cidade de Sinop, criada como um projeto de colonização na década de 1970, experimentou um crescimento populacional vertiginoso.

Entre 2010 e 2022, a população aumentou 73%, totalizando cerca de 196 mil habitantes em 2022. Esse crescimento acelerado, associado à topografia plana e favorável à agricultura, impulsionou a conversão de grandes áreas florestais em plantações e áreas urbanas. No auge da expansão agrícola, entre 1995 e 2005, a área florestal de Sinop caiu de 74% para 44%, sendo a substituição mais agressiva entre os períodos analisados.

Crescimento desordenado

O estudo destaca que o avanço agrícola esteve diretamente relacionado ao boom econômico impulsionado pelo Plano Real nos anos 1990, quando o governo federal incentivou a expansão territorial na região norte de Mato Grosso. O aumento da produção de soja, milho e algodão se tornou uma das principais causas do desmatamento em Sinop e em várias outras cidades da Amazônia Legal.

No entanto, em 2004, o governo federal implementou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), com o objetivo de reduzir as taxas de desmatamento por meio de ações integradas de fiscalização.

O monitoramento feito pelo sistema PRODES indicou que o desmatamento em Mato Grosso atingiu níveis recordes entre 2001 e 2004, aumentando quase 60%. Desde a implementação do PPCDAm, a expansão agrícola em Sinop desacelerou, e o desmatamento passou a ser monitorado de forma mais rigorosa.

Além da expansão agrícola, o estudo ressalta o impacto da urbanização desordenada. Nos primeiros anos de crescimento de Sinop, muitas áreas florestais foram convertidas em loteamentos residenciais sem o devido planejamento urbano, levando à degradação ambiental. Somente em 2006, com a criação do Plano Diretor do município, houve um esforço para regulamentar o crescimento e conter a ocupação irregular.

O Futuro da Floresta

O estudo conclui que, embora a legislação ambiental brasileira, como o Código Florestal, exija a preservação de 80% das áreas florestais em propriedades rurais na Amazônia, ainda há desafios para equilibrar a expansão econômica com a conservação ambiental. A pesquisa cita a necessidade de políticas públicas eficazes que incentivem práticas agrícolas sustentáveis e mitiguem os impactos ambientais.

A cidade de Sinop, que representa um microcosmo das pressões sobre a Amazônia Legal, está no centro desse debate. O futuro da floresta depende das decisões tomadas agora para garantir que o desenvolvimento econômico da região ocorra de forma sustentável e responsável, preservando o que resta desse precioso bioma.

 
 
 
 

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