Por Juliana Zafino Isidoro Ferreira Mendes*
O agronegócio brasileiro, responsável por quase 25% do PIB nacional, tem vivenciado uma transformação silenciosa, porém decisiva: a convergência entre tecnologia e compliance. Mais do que tendências, esses elementos se consolidam como pilares indispensáveis para garantir a sustentabilidade, competitividade e segurança jurídica do setor.
O uso de tecnologias avançadas – como sensores, inteligência artificial, drones e plataformas de rastreabilidade – revolucionou a gestão rural, promovendo ganhos em produtividade e controle de riscos. No entanto, essa evolução técnica exige uma contrapartida organizacional: o compromisso com boas práticas de governança, integridade e conformidade regulatória.
Empresas do agro que investem em compliance estruturado relatam resultados expressivos, como redução de passivos legais, acesso facilitado a mercados internacionais e valorização de seus ativos. Além disso, a conformidade com normas ambientais, trabalhistas e sanitárias torna-se um diferencial competitivo para a exportação e atração de investimentos, sobretudo aqueles guiados por critérios ESG.
Nesse cenário, a governança corporativa ganha protagonismo, especialmente nas empresas familiares que dominam a paisagem do agronegócio brasileiro. Estruturas claras de tomada de decisão, definição de papéis entre família, gestão e propriedade, bem como mecanismos de controle e transparência, são essenciais para reduzir conflitos, alinhar interesses e preservar o patrimônio familiar ao longo das gerações. A implementação de conselhos consultivos ou de administração, protocolos familiares e acordos societários contribui para profissionalizar a gestão e preparar a sucessão de forma estratégica, sem comprometer a identidade e os valores da empresa.
No contexto agropecuário, onde a informalidade ainda é comum em muitas propriedades rurais, a adoção de boas práticas de governança também favorece o acesso a crédito, investidores e parcerias institucionais. Investidores e financiadores exigem cada vez mais segurança jurídica, organização societária e prestação de contas – elementos que a governança bem estruturada pode oferecer. Aliada à tecnologia e ao compliance, a governança corporativa transforma a empresa familiar rural em um agente moderno e competitivo, pronto para atuar de forma eficiente nos mercados nacional e internacional.
Não se trata apenas de adequação legal, mas de uma nova mentalidade empresarial no campo: inovar com responsabilidade. O agro que deseja prosperar no presente e no futuro precisa estar preparado para unir eficiência técnica, integridade normativa e solidez institucional. Essa tríade – tecnologia, compliance e governança – é o novo padrão de excelência do agronegócio brasileiro.
*Juliana Zafino Isidoro Ferreira Mendes é advogada especialista em Direito Econômico e Regulatório
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