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Artigos Domingo, 14 de Maio de 2023, 10:21 - A | A

Domingo, 14 de Maio de 2023, 10h:21 - A | A

Carlos Oliveira*

Michelle Bolsonaro frustrou os planos do PL

A performance de Michelle Bolsonaro no evento do PL Mulher, ocorrido em 6 de maio, trouxe frustração aos planos do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de usar a ex-primeira-dama para aumentar o capital eleitoral do partido e consolidá-lo como o maior do Brasil.

Valdemar compreende melhor do que ninguém que o que torna um partido forte e influente é a conquista de votos. Quanto mais votos um partido obtém, maior é sua capacidade de eleger candidatos em diversas esferas políticas, fortalecendo-se assim. Esse ciclo de crescimento e fortalecimento deve ser alimentado continuamente para evitar perdas de espaço na arena política.

No Brasil, a maioria dos eleitores vota em pessoas e não em partidos, tornando fundamental para os partidos atrair indivíduos com musculatura eleitoral, que sejam populares e tenham capacidade de angariar votos. Nessa busca por "celebridades" eleitorais, a qualidade político-intelectual muitas vezes fica em segundo plano, dando espaço para candidatos como Tiririca em SP, Nicolas Ferreira em MG e Bia Kicis no DF, todos filiados ao PL. Essa estratégia tem mantido o PL como o maior partido do Brasil no Congresso Nacional.

Parte do sucesso eleitoral do PL em 2022 foi atribuído à entrada de Bolsonaro e sua base no partido, o que resultou na eleição do maior número de deputados da história da legenda. Essa representatividade federal não apenas garante poder, mas também a maior fatia do fundo partidário e do fundo eleitoral, que totalizou 4,9 bilhões na última eleição.

Por esse motivo, Valdemar tem investido muito em Michelle, sabendo que Bolsonaro, seu principal ativo político, está prestes a ficar fora o jogo. Assim, enxergou em Michelle a possibilidade de minimizar as perdas eleitorais caso o ex-presidente se torne inelegível.

Valdemar planejou cuidadosamente a estratégia, primeiro ensaiando lançá-la como candidata à presidência e, em seguida, nomeando-a presidente do PL Mulher. Além disso, organizou uma agenda de viagens pelo Brasil para explorar ao máximo a imagem dela. São Paulo foi escolhido como ponto de partida, vislumbrando uma caminhada bem-sucedida que poderia ampliar o número de filiados para as eleições de 2024 e, consequentemente, para 2026.

No entanto, Michelle ainda não havia sido testada no palanque, nunca havia segurado um microfone diante de uma plateia e tampouco tinha exemplos próximos para se espelhar nessa nova empreitada. Assim, em sua estreia, repetiu o exemplo do marido e discursou para uma bolha, atacando direitos constituídos e gerando polêmica, posteriormente retratando-se e afirmando que não foi isso que quis dizer.  

É natural que Michelle se espelhe em Bolsonaro, afinal, ele é seu exemplo mais próximo. No mundo em que ela vive, ele é ovacionado e bem-sucedido. No entanto, é importante destacar que o mundo político vai além da bolha bolsonarista, e o PL já conta com esse eleitorado até o momento.

Os planos de Valdemar com Michelle eram justamente ampliar o eleitorado para além dessa bolha, mas infelizmente esses planos foram frustrados nesse início. O evento em São Paulo teve uma boa presença de público, ocorrendo em um dia sem grandes eventos políticos concorrentes no Brasil, o que poderia ter contribuído para o sucesso do evento, gerando uma boa repercussão na mídia e pavimentando o caminho de Michelle pelo país.

Entretanto, a repercussão veio de forma negativa devido ao fato de que Michelle, como presidente do PL Mulher, em um evento voltado para mulheres, defender o fim da cota para mulheres na política. Essa declaração certamente acompanhará a ex-primeira-dama em sua jornada, e é provável que jornalistas em cada cidade por onde ela passar levantem perguntas sobre esse discurso.

Não estou afirmando que Michelle deixou de ser um ativo eleitoral para o partido, mas é evidente que, no momento, os planos do partido de ampliar esse capital foram frustrados.

A viagem continua sendo importante para, pelo menos, manter unida a base bolsonarista. Talvez, ao longo do percurso, Michelle consiga desenvolver uma performance melhor do que teve em seu início. Porém, no momento atual, os planos do PL não foram bem-sucedidos.

Carlos Oliveira - Jornalista - Publicitário - Mestre em Comunicação e Sociedade

Brasil unido pelo Rio Grande do Sul

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