por Dra. Giovana Fortunato*
A atriz Mariana Rios emocionou o público ao anunciar sua gravidez após uma longa e delicada jornada em busca da maternidade. Em um gesto corajoso e acolhedor, ela compartilhou parte de sua história como tentante, revelando os desafios enfrentados, como a trombofilia adquirida, uma condição autoimune, e a descoberta de incompatibilidade genética com seu parceiro.
Por trás da alegria do anúncio, está uma trajetória comum a muitas mulheres, mas ainda marcada pelo silêncio, medo e desinformação. Casos como o de Mariana ajudam a trazer luz sobre questões importantes da fertilidade feminina e a importância de diagnóstico e suporte adequados.
Trombofilia adquirida: um obstáculo silencioso
A trombofilia adquirida é uma alteração no sangue que aumenta o risco de formação de coágulos, podendo comprometer a implantação do embrião ou a continuidade da gestação. Em muitos casos, é diagnosticada apenas após abortos de repetição ou falhas nos tratamentos de fertilização. Embora assustadora, essa condição pode ser monitorada e tratada com medicamentos e condutas individualizadas, tornando a gestação possível com segurança.
Incompatibilidade genética e fertilidade
Outro ponto abordado por Mariana Rios foi a descoberta de uma incompatibilidade genética com seu parceiro, o que pode dificultar a fecundação natural ou a evolução embrionária. Esse tipo de diagnóstico, realizado por testes genéticos mais avançados, mostra como a medicina reprodutiva tem evoluído e permitido respostas mais precisas para casais que não conseguem engravidar sem explicação aparente.
A força de quem compartilha para acolher
O relato de Mariana ganha ainda mais força com o lançamento do projeto “Basta Sentir Maternidade”, uma iniciativa voltada ao acolhimento e apoio emocional de mulheres que também enfrentam obstáculos para engravidar. A plataforma criada por ela oferece espaço para troca de experiências, encontros e conteúdos confiáveis sobre fertilidade e saúde da mulher. Um passo importante para desmistificar a infertilidade e mostrar que ninguém precisa passar por isso sozinha.
Quando a dor vira caminho de empatia
A atriz já havia vivido um aborto espontâneo em 2020 e, desde então, tem se mostrado uma voz ativa na luta por mais acolhimento e menos julgamento. O impacto emocional da infertilidade é profundo e, infelizmente, muitas mulheres se sentem culpadas ou frustradas por não conseguirem engravidar no tempo ou da forma que desejam.
É nesse contexto que o trabalho conjunto entre ginecologia, psicologia e reprodução assistida se torna essencial. O acompanhamento especializado é capaz de oferecer respostas, alternativas e — sobretudo — esperança.
Informação é cuidado. Acolhimento é tratamento
Cada mulher tem uma história única com a maternidade. Seja natural, assistida, por meio da adoção ou da decisão de não ser mãe, o que importa é que esse caminho seja trilhado com respeito, conhecimento e apoio. A medicina tem muito a oferecer, mas é o acolhimento humano que faz toda a diferença.
Que histórias como a de Mariana Rios inspirem mais mulheres a buscar ajuda e a compreender que há caminhos, mesmo diante dos desafios.
*Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).
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