Por Wilson Pires*
As fotografias já amareladas pelo tempo sintetizavam a lembrança do passado para o senhor Ídio Nemézio de Barros, natural de Santo Antônio do Leverger, que aportou na terra de Couto Magalhães em 1950, juntamente com sua esposa Maria Francisca da Silva. Nascido em 19 de dezembro de 1928. “Seo” Ídio iniciou atividades profissionais em 1948 no Instituto de Identificação da Polícia Cuiabana. Memorável, ele recordava com satisfação o seu ingresso na política várzea-grandense, como vereador pela Arena I, por um mandato e vice-prefeito durante a administração de Ary Leite de Campos.
Ídio Nemézio de Barros. Um cidadão comum, aparentemente. Na bagagem, um passado político incontestável. Foi casado com Maria Francisca da Silva Barros, conhecida como professora Chadona. Da política, só recordação. Gostava de dizer que tudo o que conseguiu foi com esforços próprios, pois é impossível no mundo de hoje, quando a pessoa é pobre e honesta, querer permanecer na política.
Para quem não conheceu este cidadão, que residiu em vários pontos da Cidade Industrial, teve residência fixa na Rua Miguel Baracat, antiga Rua 11 de junho, até os últimos momentos de sua vida. Ele fazia questão de dizer que sua vida foi um livro aberto e centralizado na dedicação junto à família e ao trabalho.
Funcionário público de carreira, desempenhou diversas atividades na Prefeitura Municipal de Várzea Grande, desde 1978. Seo Ídio foi vereador no município de 1967 a 1970. Naquela época, recordava que os vereadores não tinham remuneração. Mesmo assim eram realizadas três sessões por semana (segunda, quarta e sexta-feira). “Cada parlamentar tinha a sua profissão separada, para o sustento da família. E com uma população menor e menos problemas, nos encontrávamos matérias para apresentar e apreciar em todas as sessões” comentava. Um fato agradável ficava por conta da participação popular durante as sessões do Legislativo Municipal, que funcionava ainda na Avenida Couto Magalhães, acoplado à Prefeitura Municipal.
DELEGADO DE POLÍCIA
Antes de ser vereador e presidente da Câmara Municipal, por três anos consecutivos, Ídio Nemézio de Barros foi delegado de Polícia, no período de 1961 a 1965. Apesar de ser uma Várzea Grande pacata, ele dizia que ocorrências não faltavam. “O município já contava com o Cristo Rei, Capão de Negro e os distritos”. Daí, no seu ponto de vista, a crescente atividade na Delegacia de Polícia.
POLÍTICA
Eleito no pleito de 15 novembro de 1969, assumiu o cargo de vice-prefeito de Várzea Grande em 31 de janeiro de 1970. Foi de 1970 a 1973, que Ídio Nemézio trabalhou ativamente pelo progresso várzea-grandense ao lado de Ary Leite de Campos. Tanto que, em sua opinião, a arrancada desenvolvimentista de Várzea Grande encontrou vários adeptos, entre eles: Sarita Baracat, Ary Leite de Campos e Júlio José de Campos. Da época no legislativo municipal, ele se lembrava dos companheiros de legislatura: Elízio Moreira da Costa (Nono Sapateiro), José Crisóstomo do Prado, Jonas Pereira de Souza, Natalino Garcia, Antonio Adelino e Carlos Vieira de Almeida, eleito pela Arena I. “Nós tínhamos a maior bancada. A oposição era formada por apenas um vereador do MDB”.
A satisfação ficava estampada no rosto de “seo” Ídio Nemézio de Barros quando era questionado sobre o momento político da época. “Tudo era mais fácil, principalmente porque o número de eleitores era bem menor. A gente saia na rua e conhecia todo mundo”. Ele ainda dizia, outro detalhe importante é que o povo, de forma geral, acreditava mais nos políticos. “Nós éramos eleitos para trabalhar, pois não contávamos sequer com vencimentos para exercer o cargo de vereador”.
Um dos principais projetos do então vereador Ídio Nemézio de Barros, foi o que deu nome a uma das principais Avenidas da cidade, a Couto Magalhães.
VÁRZEA GRANDE
Sobre a cidade de Várzea Grande de hoje, dizia que só tinha a elogiar. “É uma cidade que cresceu, mas o traçado interiorano foi preservado”. Não cansava de afirmar, trata-se de um município dotado de infraestrutura básica para atender a demanda da população local, mas com tempo foi chegando gente de todos os lugares do país e aí ficou difícil. “Existem problemas, até mesmo pela dimensão da cidade, que cresce aceleradamente e descontrolada”.
FALTA DE SERIEDADE
A classe política, hoje em dia, sofre muito desgaste. Essa já era a opinião de seo Ídio Nemézio, e está relacionada para os vereadores e deputados. “Acho, que os vereadores, por exemplo, ganham muito pelo que fazem. Várzea Grande era bem menor e nós fazíamos três sessões por semana. Tenho certeza que atualmente há matérias para desempenhar o mesmo tipo de trabalho no Legislativo Municipal”, afirmava.
A descrença da população com a classe política, segundo Ídio Nemézio, está relacionada à falta de seriedade e trabalho. “O povo quer gente competente, íntegra para lutar em seu favor e não observar apenas a promoção própria” acentuava.
FAMÍLIA
Do casamento com dona Maria Francisca da Silva Barros, seo Ídio teve seis filhos: Benedito Paes de Barros, Vicente do Carmo Paes de Barros, Edmary Paes de Barros, Tânia Maria de Barros Santana, Antônia Maria de Barros e Ídio Nemézio de Barros Filho. A família ainda conta com muitos netos e bisnetos.
Funcionário público municipal desde 1978, seo Ídio Nemézio de Barros observava que Várzea Grande vinha enfrentando um ritmo de progresso incrementado por sucessivas administrações. “Apesar de uma hora o governo ser contrário, outra a favor, o município tem sustentação própria e vem caminhando efetivamente para o pleno desenvolvimento”.
Ídio Nemézio de Barros morreu aos 85 anos na cidade de Várzea Grande no dia 01 de fevereiro de 2014.
Wilson Pires é Jornalista em Mato Grosso*
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