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Artigos Quarta-feira, 04 de Junho de 2025, 16:00 - A | A

Quarta-feira, 04 de Junho de 2025, 16h:00 - A | A

Edina Araújo*

Consignados: a fatura política que pode chegar em 2026 para Mauro Mendes

por Edina Araújo*

A movimentação política em torno dos empréstimos consignados dos servidores públicos de Mato Grosso transcende uma questão meramente administrativa. Expõe vulnerabilidade da gestão atual e ameaça diretamente o projeto político do governador Mauro Mendes (União Brasil).

O retorno de Pedro Taques ao cenário público não é coincidência. Ao assumir a defesa jurídica dos sindicatos na questão dos consignados, o ex-governador articula uma estratégia que vai muito além dos tribunais: busca reconstruir seu capital político enquanto mina as bases do governo atual.

Os consignados se transformaram na causa ideal para Taques. A questão toca diretamente no bolso e na dignidade de mais de 70 mil servidores – uma massa crítica que, se bem articulada, pode determinar o destino de qualquer candidatura em Mato Grosso.

Mauro Mendes parece ter cometido um grave erro de avaliação política. Ao tratar a questão dos consignados como problema secundário, o governador subestima perigosamente o poder de mobilização da categoria e oferece aos adversários uma arma eleitoral devastadora.

A matemática eleitoral é implacável: 70 mil servidores multiplicados por suas famílias – considerando a estimativa conservadora de três pessoas por núcleo familiar – representam mais de 200 mil votos potenciais. Em Mato Grosso, esse contingente pode significar a diferença entre vitória e derrota em eleições para o Senado.

O poder seduz, mas também cega – e Mauro Mendes parece trilhar o mesmo caminho perigoso.

O fenômeno dos "puxa-sacos do poder" é real e devastador. Aqueles que hoje cercam o governador com elogios e promessas de lealdade eterna podem ser os primeiros a abandonar o barco quando as águas ficarem turvas. O poder atrai oportunistas, mas raramente constrói lealdades verdadeiras.

O momento escolhido para responsabilizar os servidores pela questão dos consignados não poderia ser mais inoportuno para Mauro Mendes. Com as eleições de 2026 no horizonte e a clara intenção de disputar uma vaga no Senado, o governador deveria estar construindo alianças e ampliando sua base de apoio. No entanto, como observou um aliado do próprio governo: "Mauro Mendes tem a expertise de afastar aliados e amigos. Temos vários exemplos”.

Pedro Taques, por sua vez, demonstra senso político apurado ao transformar essa crise em oportunidade de retornar ao cenário político. O ex-governador encontrou um vácuo significativo: os servidores públicos estão órfãos de representação política efetiva.

A deputada federal Gisela Simona se candidatou à Câmara Federal defendendo exatamente a causa dos servidores públicos. Porém, após assumir o mandato como suplente no lugar de Fábio Garcia que se tornou secretário Chefe da Casa Civil de Mato Grosso, praticamente abandonou a bandeira.

E a questão dos consignados transcende o aspecto administrativo. Simboliza a relação do governo com seus próprios funcionários, a capacidade de diálogo do gestor público e, fundamentalmente, o respeito às categorias que fazem o Estado funcionar.

Mauro Mendes enfrenta duas opções claras: manter a postura atual e arcar com desgaste político crescente, ou recuar estrategicamente e buscar solução que minimize danos à sua imagem.

A inflexibilidade pode ser interpretada como firmeza no exercício do poder, mas pode se tornar fragilidade quando se converte em candidatura eleitoral. O eleitor raramente perdoa gestores que parecem desprezar categorias importantes da sociedade.

Pedro Taques conquistou posição valiosa neste embate. Independentemente de suas reais intenções eleitorais futuras, sua atuação atual lhe confere protagonismo político e capital simbólico significativos, reposicionando-o no cenário estadual.

Mato Grosso já assistiu a este filme, e o desfecho raramente favorece aqueles que subestimam o poder das categorias organizadas. Mauro Mendes ainda dispõe de tempo para corrigir a rota, mas a janela de oportunidade se fecha rapidamente.

A política é construída sobre percepções, e a percepção atual aponta para um governo insensível às demandas de seus próprios servidores. Mudar essa narrativa deveria ser prioridade absoluta de qualquer governador com ambições eleitorais futuras.

O recado está dado. Resta saber se Mauro Mendes terá a sabedoria política para ouvi-lo a tempo – ou se preferirá aprender as lições da história do modo mais doloroso possível: nas urnas de 2026.

Para Pedro Taques, os consignados podem representar o primeiro degrau de um eventual retorno ao poder. Para Mauro Mendes, podem significar o obstáculo que impedirá seus sonhos senatoriais de se concretizarem.

*Edina Araújo é jornalista e CEO do VGNOTICIAS

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