por Geraldo Luiz de Araújo*
Recentemente o jornalista Ricardo Kotscho, comentarista do Jornal Record News, publicou um artigo intitulado: “Impasse político está nos levando à anomia social”.
Lendo-o lembrei de que estamos a um ano e seis dias para a próxima eleição, que elegeremos vereadores, prefeito e vice-prefeito, e não estão definidas as regras para o pleito.
Acontece que a minirreforma da lei eleitoral que espera os vetos da Presidência da República, na prática, paralisa tudo em termos de organização partidária. Dilma consegue atrapalhar até as eleições para vereadores e prefeitos.
Dilma já fez vazar a informação de que vai vetar o financiamento de empresas para campanhas eleitorais. Não quer briga com o Supremo Tribunal Federal que determinou a proibição. No entanto, dois outros pontos que esperam o veto são de suma importância e, ninguém sabe como vai ficar.
A janela de um mês para troca de partido sem a perda do mandato para os atuais vereadores e deputados; e a obrigatoriedade de seis meses de filiação a partido político para ser candidato. Hoje a lei determina um ano.
Se Dilma vetar toda a lei valerá um ano de filiação e não haverá janela para a troca de partido. E ela tem até a próxima quinta (01.10) para publicar o ato e não ferir o princípio da anterioridade da lei, que exige que a norma entre em vigor um ano antes da eleição.
A presidente, nada preocupada com os municípios, viajou para o exterior e conseguiu embolar a próxima eleição deixando a definição das regras para o último minuto do segundo tempo, não contribuindo em nada com o processo eleitoral.
Dai entra a análise do jornalista Ricardo Kotscho que diz: “No Dicionário de Sociologia, anomia é assim definida: Ausência de normas. Aplica-se tanto à sociedade como a pessoas. Significa estado de desorganização social".
O jornalista vai além ao explicar: Na Enciclopédia de Sociologia, anomia designa "um estado do indivíduo caracterizado pela falta de objetivos e pela perda da identidade, em grande medida originado pelas profundas transformações que ocorrem nas sociedades modernas e que não fornecem novos valores para colocar no lugar daqueles que por elas são demolidos (...).”
Trazendo para o universo de Várzea Grande, a infame A-N-O-M-I-A é tudo que vivenciamos por estas bandas.
A cidade precisa melhorar e se renovar politicamente e qualquer cidadão que deseja contribuir e participar tem que se filiar a um partido político.
No entanto, para isso, as pessoas sérias querem saber: quem são os prováveis candidatos; que espécie de bancada de vereadores terá o partido que escolher; a executiva do partido se deu por convenção ou é provisória, para ver a autonomia do partido no município; se o partido tem políticos que, reconhecidamente, participaram de governos corruptos, entre outras coisas.
Da forma que se encontram as leis, sem definição, o cidadão pode se filiar a um partido e depois, se ver ilhado por filiados com histórico ligados a atos de corrupção e negociatas políticas.
Mesmo respeitando a diversidade de pensamento é necessário evitar o convívio com partidários envolvidos com a corrupção e o roubo na administração pública.
Várzea Grande precisa de uma renovação, a formação da próxima Câmara de Vereadores, que elegeremos, deve ser compromissada com políticas públicas do executivo municipal e não com acertos financeiros de vereadores inescrupulosos. E isso passa pela formação dos partidos políticos.
O que o cidadão quer evitar, ou diminuir, acontecimentos envolvendo vereadores que vimos recentemente em Várzea Grande. Só para lembrar alguns: CPI para apurar divulgação de pedofilia, diploma falso, uso de celular funcional indevidamente, doação de terrenos públicos, licenciamento condicionado ao recebimento do salário, nepotismo, apropriação indébita, entre outros.
Tudo isso pode se combater com o envolvimento de pessoas sérias na formação dos partidos, com o seu fortalecimento e, consequentemente chapa decente para a próxima eleição.
A sociedade teria que ter tempo suficiente para se organizar, para definir se vai participar de algum partido político e contribuir para a cidade onde mora, mas tudo é feito no afogadilho e esbarra na inoperância da Presidência da República que parece desejar que as coisas continuem do jeito que está.
Esta A-N-O-M-I-A pode prejudicar Várzea Grande.
*Geraldo Luiz de Araújo - Advogado, jornalista e diretor do site VG Notícias
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