Um caso de doping envolvendo um menino autista de 2 anos na creche Espaço de Desenvolvimento Infantil René Biscaia, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A mãe da criança, Lays Torres de Almeida, relatou que seu filho foi dopado com o medicamento controlado Zolpidem.
Lays contou que, antes de descobrir a medicação irregular, as professoras da creche frequentemente pediam que ela buscasse o filho antes do horário de saída porque "ele não dormia" e "atrapalhava o sono dos coleguinhas". Essas exigências só cessaram após uma reclamação formal na 10ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que determinou que a criança tinha o direito de permanecer na creche em horário integral.
Em 16 de junho, os pais notaram que o menino estava apático, tonto e com dificuldades para andar. "Quando eu abaixei para que ele corresse e me abraçasse, ele caiu pela primeira vez", disse Lays. A criança foi levada à emergência do Hospital Municipal Rocha Faria, onde chegou desmaiada. O médico que atendeu o menino diagnosticou uma possível intoxicação e realizou uma lavagem estomacal.
Exames realizados em uma clínica particular detectaram 0,18 miligramas de Zolpidem no organismo do menino. Com base nesses resultados, a família registrou a ocorrência na 35ª DP (Campo Grande). O caso foi transferido para a 36ª DP (Santa Cruz), onde as investigações continuam.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) instaurou uma sindicância e está colaborando com as investigações da Polícia Civil. Todas as pessoas que tiveram contato com o menino na creche serão intimadas para prestar depoimento. A equipe da creche foi afastada pela prefeitura por suspeita de envolvimento no caso.
Os pais do menino foram ao Conselho Tutelar de Santa Cruz em busca de orientações e formalizaram um pedido de transferência para outra unidade escolar, que foi imediatamente atendido pela SME. "Como pode uma escola que deveria acolher e cuidar dele fazer uma coisa dessas?” Questionou Luiz Felipe dos Santos, pai da criança.
O delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Edezio de Castro Ramos Junior, responsável pelo caso, afirmou que os investigadores estão trabalhando para entender a intenção da pessoa que teria ministrado o medicamento. "Se for constatado que ele foi dopado, é uma situação bastante grave. A pessoa pode responder por lesão corporal, maus-tratos ou até mesmo outro crime, dependendo da investigação", declarou.
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