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Variedades Sexta-feira, 28 de Agosto de 2015, 09:39 - A | A

Sexta-feira, 28 de Agosto de 2015, 09h:39 - A | A

Audiência não é parâmetro de qualidade, afirma autor de "Babilônia"

O embate final entre Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves) está reservado para o último capítulo

UOL

Ousada, polêmica e anticonvencional. É assim que o autor Ricardo Linhares define "Babilônia", que termina nesta sexta-feira (28) com uma trama bem diferente do que propunha a sinopse e com números abaixo do esperado para uma novela das 21h. O furor causado no primeiro capítulo com um beijo gay entre duas mulheres de terceira idade e o embate entre duas vilãs que prometiam deu lugar a uma história que foi cedendo, cada vez mais, ao conservadorismo de uma parcela do público, que não aceitou ver temas como corrupção no horário da ficção sagrada de todo dia. 

Mesmo com todas as críticas, o escritor, que divide os créditos com Gilberto Braga e João Ximenes Braga, diz que o resultado é positivo. "Gosto é uma questão subjetiva e não se discute. Ninguém é obrigado a gostar de uma trama. Mas dizer que a novela não é boa só porque não alcançou 30 pontos de média é um equívoco. Desde quando audiência é parâmetro de qualidade artística?", questiona.

Segundo Linhares, a temática forte e realista afastou certos telespectadores, mas ganhou admiradores. "Abordamos temas oportunos, refletindo o momento de crise de valores que atravessa o país. Falamos sobre as novas formações familiares, religiosidade, política, corrupção, conflitos sociais, racismo, tolerância e aceitação das diferenças. Os mais conservadores se afastaram, mas o grande público prestigiou a novela, garantindo a liderança na audiência. Nós escrevemos para este público fiel, que nos acompanhou ao longo dos meses", diz. 

O autor minimizou as várias mudanças que a trama sofreu desde o início, dizendo que as as alterações estão "na natureza do folhetim eletrônico". Dentre as mudanças, Alice (Sophie Charlotte) nunca chegou a se tornar garota de programa, por conta da classificação indicativa do horário, e Carlos Alberto (Marcos Pasquim) também teve seu perfil alterado, já que as telespectadoras ouvidas no primeiro grupo de discussão da novela não aceitaram vê-lo no papel de um homossexual.

"Mostramos empresários e políticos corruptos. Mostramos falsos moralistas que misturam política e religião. Mostramos gays e favelados sem caricatura. Apresentamos as novas formações familiares, seja em núcleos homoafetivos, seja com mulheres negras e solteiras como provedoras. Tivemos uma gama de personagens vividos por atores negros em posição de protagonismo. Uma parcela conservadora do público ficou incomodada com o beijo de duas mulheres e com a diversidade racial. Isso não diminui a qualidade da novela, apenas mostra que uma fração do público prefere histórias mais escapistas, no que tem todo direito. Tenho orgulho por 'Babilônia'", conclui.

Punição para os vilões

O embate final entre Beatriz (Gloria Pires) e Inês (Adriana Esteves) está reservado para o último capítulo e, por conta disso, é mantido em segredo. Mas os demais vilões da trama receberão seus castigos, como manda o figurino. "Na minha opinião, os vilões devem ser punidos no final, salvo exceções. Durante a novela, são eles que movimentam as tramas e mobilizam o público, enquanto os mocinhos sempre são criticados. Mas, no final, as pessoas esperam punição para os malvados, numa espécie de catarse, e final feliz para os personagens positivos. Eu também sou público, curto casamentos, encontros amorosos e finais felizes e esperançosos de um mundo melhor", afirma.

Aderbal (Marcos Palmeira) e Consuelo (Arlete Salles), no entanto, apesar de falarem e cometerem atrocidades a novela inteira, tiveram a imagem abrandada graças ao poder da comédia. Aprovados pelo público, os personagens ganharam elogios pela crítica política religiosa carregada de ironia. E terão direito a um desfecho inusitado, no mesmo tom que ganharam durante a trama.

"Com a ajuda de milicianos, Aderbal e Consuelo planejam um atentado a bomba num templo. Envolvem a bomba-relógio numa bandeira do arco-íris. Eles se fazem de vítima, fingindo que o terrorismo foi praticado por um grupo gay radical. Como suposto defensor da família tradicional, Aderbal vence a eleição para governador, mas é preso na Operação Boca na Botija, que investiga o pagamento de propina da empreiteira Souza Rangel a políticos. Consuelo, sua vice, assume o governo do Rio de Janeiro, e continua com todas as práticas de corrupção que o seu filho praticava", adianta.

O mistério sobre quem matou Murilo (Bruno Gagliasso) ocupa uma parte pequena do último capítulo, segundo Linhares. Os autores escreveram apenas um final e não recorreram ao famoso truque das pistas falsas. "A morte de Murilo foi consequência natural das ações do personagem, que colecionou muitos inimigos. Nunca pretendemos que a trama ganhasse destaque maior do que isso. É a cereja do sundae, uma brincadeira que os espectadores curtem. Se a identidade de quem matou for descoberta antes da hora, o desfecho será mantido. O que importa é a coerência da trama", afirma.

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