De janeiro a outubro de 2014, Várzea Grande registrou 313 golpes de estelionato, conforme dados da Polícia Judiciaria Civil. Já durante todo o ano de 2013 foram registrados 348 casos na cidade.
Segundo informaram os delegados Fausto José de Freitas e Sylvio do Vale Ferreira Junior, da 1ª Delegacia de Polícia de Várzea Grande, 50% do volume de trabalho no município se refere ao crime de estelionato.
Os delegados alertam a população para as compras de fim de ano, que conforme eles, pode gerar crescimento nos golpes aplicados, tanto em comerciantes quanto nos consumidores.
Há três meses na unidade policial, os dois delegados, realizaram levantamento dos golpes mais aplicados na praça e passaram a dividir a modalidade para identificação dos criminosos, que estão atuando na região de Várzea Grande e também em Cuiabá. "Já identificamos alguns criminosos que estão atuando aqui na nossa área e já foi realizado representação de mandado de prisão junto à Justiça. Acreditamos que esses criminosos serão localizados e presos", destacou o delegado Sylvio do Vale Ferreira Junior.
Vale destacar que os números acima citados não representam a realidade do cometimento do crime, em razão de muitas das vítimas não registrarem o boletim ou quando comunicam, o fato já se passou muito tempo, dificultado o trabalho de desarticular a modalidade de golpe. "Como não são imediatamente comunicados a polícia, acaba impossibilitando a prisão em flagrante", destaca o delegado Fausto José.
Segundo os delegados, os golpes estão cada vez mais elaborados e os cuidados devem ser redobrados para não cair em ofertas vantajosas, como quando a vítima acha que vai ganhar alguma coisa em troca, caso dos prêmios pelo celular, ou encontra produtos com preços muito abaixo do mercado em sites na internet. "Os estelionatários estão sempre inovando, aprimorando os golpes e quanto mais cuidado a pessoa tomar, menor é a chance de cair no golpe", orienta o delegado Sylvio do Vale.
Para cada golpe são facilmente encontradas vítimas, mas a prisão em flagrante dos estelionatários ocorre em proporção menor, conforme explicam os delegados. "Geralmente como o golpe já se consumou é difícil efetuar a prisão em flagrante", explica o delegado. "A prisão, no caso dos estelionatários, ocorre com mandado e nosso objetivo agora é identificar esses estelionatários e prende-los", afirma Sylvio.
Em um dos casos investigados na delegacia, um casal de estelionatários aplicou vários golpes em Várzea Grande, fazendo vítimas por onde passou, cujo prejuízo estimado está em R$ 200 mil. Na 1ª DP há duas investigações em andamento contra Sebastião de Lima Portela, que responde um inquérito sozinho por estelionato e outro junto com sua mulher, Carmem Peres Machado, por estelionato, falsificação de documento público e uso de documento falso.
O casal, que já foi indiciado, comprou veículos (GOL, Ecosport, Hilux), terrenos, e até uma pizzaria, além de diversas mercadorias como roupas, perfumes, chapéus, tapetes, entre outras, usando cheques sem fundos. Os talões de cheques teriam sido extraviados de uma cooperativa de crédito e foram parar nas mãos de golpistas. O banco cancelou os talões, mas as folhas continuaram a ser usadas.
Em outubro, Sebastião de Lima foi encontrado numa Ecosport, produto de estelionato, quando se deslocava ao interior do Estado para vender as mercadorias adquiridas de várias vítimas, que até o momento não foram identificadas. Ele estava com 25 folhas de cheques, supostamente extraviadas.
Conheça algumas modalidades com maior incidência de registro, eleitas pelos delegados. São elas:
1. Golpe do depósito, aplicado em todo o Brasil e que ocorre em diferentes versões. O golpe é muito semelhando ao envelope vazio. Em algumas modalidades o criminoso simula o depósito e depois liga na empresa dizendo que se enganou e efetuou o pagamento no valor a maior e pede devolução do dinheiro. Em outras, chega a depositar o dinheiro e depois que empresa ou pessoa confirmar ele retorna no banco e estorna o dinheiro, alegando ao caixa que depositou em conta errada. Nisso a empresa já entregou a mercadoria. Há pelos menos 10 registros do golpe na delegacia em valores que vão de R$ 1 mil, 4, 5 e até 10 mil.
As vítimas são geralmente pessoas que vendem produtos e prestam serviços. Em todos os casos, a vítima deve esperar 24 horas para confirmar o dinheiro na conta ou entrar em contato com agência bancária. "É uma nova modalidade de golpe, que foi aperfeiçoada", alerta o delegado Sylvio do Vale.
2. Carro quebrado ou “Bença Tia”
Esse é um golpe muito cometido por detentos de presídios do Brasil. O criminoso liga para números aleatórios e quando alguém atende diz “bença tia (o)”. O suspeito se passa por parente da vítima, geralmente sobrinho, e diz que está com o carro quebrado na estrada e que precisa de dinheiro para o guincho ou para pagar o mecânico. A vítima acreditando que o parente está com dificuldades realiza o depósito. Em outra versão do golpe, o estelionatário pode pedir crédito de celular, supostamente para manter contato com a seguradora e com familiares.
O que leva as pessoas a caírem nesse golpe é a vontade de ajudar o familiar. É necessário que a pessoa, antes de tomar qualquer decisão, se acalme, e cheque as informações. Conferir se o número do telefone de que recebeu a ligação é o mesmo do parente e entrar em contato com os familiares mais próximos da pessoa para saber se realmente a situação tem possibilidade de ser real, são maneiras de evitar cair no golpe.
3. Código de Barra - os criminosos falsificam o código de barra da fatura, as vítimas pagam, o dinheiro vai direto para a conta da quadrilha, que fica pouco tempo aberta. Geralmente as vítimas nem percebem a fraude na fatura da conta, mas deve ficar atenta em atrasos da conta e entrar em contato com a empresa quando perceber algo diferente na fatura com relação a impressão e pedir para confirmar o código de barras.
4. Compra e venda de objetos em sites na internet
Nesses sites, os usuários podem comprar e vender produtos novos ou usados particularmente, através de uma negociação direta. Os golpes podem ser aplicados tanto pelo vendedor como pelo comprador funcionando da seguinte maneira.
Golpe do comprador: O golpista faz a compra do produto anunciado pela vítima no site e não efetua o pagamento, mas envia um comprovante falso em nome do gerenciador do site, confirmando que o produto foi pago. Entre outros comprovantes falsos, o golpista pode enviar ainda a validade do seu cadastro no site e a indicação de cliente confiável.
Em seguida, o falso comprador envia um e-mail para vítima, falando que precisa do produto com urgência e que ele deve ser enviado ainda no mesmo dia.
Alguns fatores podem auxiliar identificar este golpe como o layout dos e-mails enviados, que apesar de parecidos apresenta diferenças, como logomarca do site, cores padrão, tipografia e linguagem utilizada; o destino da mercadoria geralmente é uma cidade pequena, pouco conhecida, urgência na entrega do produto por motivo estranho.
Golpe do vendedor: A vítima compra um produto anunciado no site, efetua o pagamento, mas não recebe o produto ou recebe um produto com características diferentes do que comprou. Exemplo: comprou uma corrente de ouro e recebeu uma bijuteria.
A Polícia Civil orienta que, no caso de compras pela internet, as pessoas devem procurar sites conhecidos, consolidados no mercado, que tenha referência de outros compradores. É importante tomar cuidado com os sites de anúncios e venda de produtos usados novos.
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