O advogado Rodrigo Marinho, 43 anos, [conduzido] contou ao , na manhã desta terça-feira (24.01), como foi que uma ocorrência de trabalho, terminou na prisão de dois advogados, segundo ele, ilegal por parte de policiais militares, na noite dessa segunda-feira (23), no bairro Pedregal, em Cuiabá.
Conforme Marinho, ele foi até o local para atender uma ocorrência, onde seu cliente, que não teve a identidade revelada, havia sido abordado por policiais e durante a averiguação a família disse que a vítima estava sendo agredida pelos militares.
Marinho contou que quando chegou ao local, seu cliente estava sendo agredido com tapas no rosto, então se apresentou como advogado, mas os policiais pediram para ele ficar 15 metrôs afastado.
“Falei que não estava ali para atrapalhar, mas sim pela legalidade, preservar os direitos do meu cliente. Mas eles [policiais] vieram para cima de mim pesado, me empurrando e me mandando calar a boca. Eu pedi respeito e disse que iria ligar para OAB, para que eles respeitassem minhas prerrogativas”.
Segundo o advogado, os policiais teriam olhado para seu cliente e dado os parabéns, afirmando que “seu advogado tinha acabado de prendê-lo”, e disseram – “Joga ele no camburão” – “Eles arremessaram meu cliente e vieram par cima de mim”.
Durante a ocorrência, Marinho contou que os militares se incomodaram com o local onde ele havia parado seu carro, alegando que estaria na contramão. “Eles falaram para todo mundo tirar os carros que estavam estacionados, pois eles iam chamar o guincho. Mas quando eu entrei para tirar o meu carro eles, me cercaram, e neste momento, liguei para os advogados Márcio Camargo, 40 anos [conduzido] e doutora Ariane Ferreira Martins Camargo, pedindo socorro. Eu pedi que eles chamassem a OAB, pois estava temendo pela minha vida”.
O advogado disse que quando já estavam os três advogados, os policiais mais uma vez pediram seus documentos, e durante a checagem, eles constataram haver registros de B.Os contra Marinho e jogaram na “cara” que deveria ser por bater em mulher. Rodrigo disse para eles que o respeitassem, pois nunca havia respondido um processo em sua vida.
Marinho contou que quando pesquisaram o nome de Márcio, questionaram se ele já estava respondendo por desacato, e Camargo relatou ser uma questão de uns 20 anos atrás e já teria sido absolvido.
“Eles [militares] começaram a engrossar com o Márcio, que pegou seu celular para filmar, mas os policiais não gostaram e bateram nele, além de jogar gás. Eu comecei a filmar e mandei para minha esposa, pois eles poderiam quebrar meu celular e não teríamos prova”.
Nas imagens, cinco policiais seguram Márcio, jogam spray de gás, algemam ele, que é levado para o camburão. “No fundo, a voz da advogada Ariane, pedindo para que os policiais não fizessem aquilo e ela ainda questiona o porquê da prisão e policial responde: ‘filmar’”.
Marinho contou que se afastou, mas continuou filmando, e logo que “jogaram” Márcio no camburão vieram em sua direção e perguntaram se ele também estava filmando. “Me disseram que por estar filmando eu também iria apanhar e ser preso. Eles me chutaram, estou todo machucado, deram socos e chutes”. Os policiais ainda falaram que ia jogar spray de pimenta na boca, eu não deixei e gritava muito por socorro”.
Ele continuou, “quando estava sendo levado para o camburão, mesmo algemado, um militar deu uma ‘bicuda’ nas minhas costas. Lá na Central de Flagrantes fomos espancados por esse subtenente (J), ele dizia que tinha 26 anos de polícia”.
Conforme o boletim de ocorrência registrado pelos policiais militares, os advogados foram detidos por desacato, difamação, injúria, resistência e desobediência.
Conforme o B.O, a equipe do Raio 02 do sargento Amorim, solicitou apoio, pois estava atendendo uma ocorrência de notificação e apreensão de veículos.
Segundo relato dos policiais, quando chegaram no local para dar apoio encontraram três advogados, Rodrigo, Márcio e Ariane, e no momento em que foi solicitado os documentos, Márcio teria dito que não iria entregar documento para policial b*ndido, pois era advogado e não tinha obrigação de entregar.
Neste momento, foi dado voz de prisão por desacato e desobediência, sendo necessário o uso da força física moderada e algemas.
Já sobre a prisão do advogado Rodrigo, foi informado que ele também negou entregar seu documento, disse que chamaria a mídia, e ainda teria dito que descobriu nessa data que todos os policiais eram v*gabund0s. Também foi usado força física, pois o advogado resistiu à prisão.
“Na central de flagrantes e após qualificação do suspeito Rodrigo, no momento em que saia da sala de confecção do boletim de ocorrência, quando avistou o pessoal da imprensa, começou a gritar dizendo que teria sido agredido, pelo sargento da PM Jardel, dentro da sala da confecção do boletim de ocorrência tentando assim denegrir a imagem da instituição polícia militar. Nesse momento adentrou a sala da confecção do boletim de ocorrência o SR. Luciano Carvalho do Nascimento OAB n. 13547, dizendo ser delegado inicialmente, tentando intimidar os policiais militares, e começou a tumultuar o ambiente onde foi informado que não poderia agir dessa forma onde disse "vocês não sabem com quem estão mexendo. Foi solicitado documentos pessoais e nesse momento apresentou a OAB. Após bastante conversa e acalmar os ânimos, todos os documentos dos conduzidos foram entregues para o SR. Luciano. Diante dos fatos os suspeitos foram entregues sem lesões corporais para demais providências (SIC)”, diz trecho do B.O.
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