O delegado da Polícia Civil, João Bosco Ribeiro de Barros, se entregou neste sábado (21.09) à polícia, depois ter a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele estava sendo considerado foragido, desde 6 de setembro, quando teve pedido de habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O delegado é acusado de proteger uma quadrilha de traficantes de drogas que atuava em Mato Grosso.
Bosco negou o crime e ironizou a Operação “Abadom”, deflagrada em junho deste ano – a fim de desmontar esquema envolvendo policiais e traficantes. O delegado disse que é uma vergonha o que estão fazendo com ele - e classificou como “palhaçada” a operação, que segundo ele, deveria ser chamada de “abadá e não Abadom”.
João Bosco e sua esposa, a investigadora Gláucia Alt, se apresentaram na Polinter neste sábado, acompanhados pelo advogado Paulo Taques. Ambos acusados de envolvimento com proteção à quadrilha de traficantes. Gláucia teve o pedido de habeas corpus deferido pelo Tribunal de Justiça (TJ/MT) na sexta-feira (20.09).
O delegado e a esposa chegaram a ficar quase uma semana presos e conseguiram liberdade – mas tiveram as prisões preventivas decretadas novamente pelo juiz da Vara do Crime Organizado de Cuiabá.
João Bosco justificou que só se entregou à polícia porque a esposa havia conseguido habeas corpus – segundo ele, os dois não poderiam ficar presos por conta da filha de dois anos que está com problemas psicológicos - e um deles deveria cuidar da criança.
Ele enfatizou a revolta com a Polícia Civil, onde conforme ele atuou 30 anos. O delegado disse que não tem explicação para ele ser preso - além de não preencher os requisitos, não há nenhum fato novo que justifique a prisão.
Para Gláucia, ela e o marido estão sendo vítimas de perseguição - e acusou a cúpula da Polícia Civil pelo fato. Ela afirmou que é questão pessoal e prometeu que o marido vai revelar do que se trata.
Entenda o caso - Durante sete meses de investigações foi apontado que João Bosco e sua esposa participaram de um esquema de acobertamento do tráfico de drogas em Várzea Grande. A apuração culminou em junho com a operação Abadom, comandada pela delegada Alana Cardoso, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
No processo que tramita em Cuiabá consta que a delegada registrou Boletim de Ocorrência relatando que sofreu ameaças de morte por conta das declarações que teria feito à imprensa sobre Bosco e a mulher. O delegado negou o crime. “E essa bendita encomenda que eu teria feito para matar a delegada? Isso é uma piada!".
Gláucia também saiu em defesa do policial. "Essa denúncia de ameaça é uma mentira. Meu marido tem reputação ilibada. Ele jamais iria contratar uma pessoa para matar a delegada. Nós confiamos na Justiça", disse.
Bosco e a mulher respondem na Justiça pelos crimes de associação ao tráfico e corrupção passiva. Os policiais foram afastados dos cargos pela Polícia Civil, mas continuam a receber os salários normalmente.
Outros quatro policiais civis também estão presos, acusados de concussão, extorsão mediante sequestro e abuso de autoridade. Eles estão presos no anexo do presídio Pascoal Ramos, atrás da Polinter, onde Bosco também ficará recluso.
Escutas telefônicas, segundo a Polícia Civil, atestariam a relação do delegado e da mulher dele com membros da quadrilha de tráfico de drogas de Várzea Grande, o que ambos negam qualquer participação. O delegado não negou, no entanto, que a voz interceptada fosse à dele, mas apontou que a conversação havia sido com uma pessoa com quem estava comercializando imóveis e automóveis. (Com informações TVCA).
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).