O deputado estadual e candidato a prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB) nomeou, quando presidente da Câmara de Vereadores municipal, José Carlos Bello como servidor “fantasma” para atuar no gabinete do então vereador Edmar Caetano de Souza (PMDB). No entanto, a nomeação foi sem o consentimento do servidor, ou seja, José Carlos estava lotado na Câmara municipal, mas não tinha conhecimento do cargo. E ainda, além de ter lotado “fantasma” na Câmara, Walace lesou os cofres públicos, pois, não fez o recolhimento do benefício da Previdência Social.
O “fantasma” foi nomeado no cargo de motorista, por meio do ato 068/2003, de 02 de maio de 2003, e somente foi exonerado em 02 de janeiro de 2004, conforme ato 001/2004, confira documentos no final da matéria.
Na época, o 1º secretário era o vereador Ismael Alves, um dos coordenadores da atual campanha de Walace. No mesmo ato, mais dois servidores foram nomeados para o gabinete de Edmar, Cidomar de Arruda Veio (secretário de gabinete) e Miguel Pedro de Alcântara (segurança parlamentar), estes dois últimos o VG Notícias não conseguiu contato.
Conforme José Carlos Bello, ele nunca foi servidor da Câmara, apenas prestou algumas vezes serviços de som mecânico particular para o vereador e sempre assinou recibo comum.
Segundo o denunciante, só tomou conhecimento de que havia sido lotado no gabinete do ex-vereador Edmar Caetano, quando precisou apresentar documentação para comprovar os recolhimentos das empresas onde trabalhou à Previdência Social, depois de sofrer dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). Em 2011, procurou a Previdência e foi informado de que não constava o recolhimento do benefício no período em que havia trabalhado na Câmara.
José Carlos se assustou ao receber essa informação, pois, nunca havia sido registrado na Casa de Leis. Sem saber o que havia ocorrido, foi à Câmara em setembro de 2011 e solicitou cópia dos atos (conforme documento abaixo) e comunicou o atual presidente da Casa, vereador Gonçalo Pedroso Maninho de Barros (PSD) o fato - e este disse a ele (Bello) que deveria procurar o ex-presidente da Câmara da época, Walace Guimarães.
José Carlos relatou que primeiro procurou Edmar Caetano, explicou a situação e o ex-vereador ainda retrucou com grosseria: “no meu gabinete contratava quem eu queria”, disse.
Ainda de acordo com José Carlos, avisou o ex-vereador que procuraria seus direitos. “Edmar me mandou procurar meus direitos e ainda se achou no direito de usar palavra de baixo calão, que eu me f...”
Depois de ser tratado com desrespeito pelo Edmar, José Carlos, ainda por meio de um dos assessores do parlamentar, conhecido como Joãozinho - manteve contato com Walace, que solicitou que aguardasse que iria verificar o caso e daria retorno - quando retornou a ligação ao servidor “fantasma” disse que não poderia fazer nada por ele - e que procurasse seus direitos.
“Liguei para Walace e expliquei a situação a ele, que não tinha conhecimento que havia sido servidor da Câmara e ainda propus que recolhessem a previdência para não me prejudicar. O deputado me pediu para eu esperar um minutinho que ia analisar, em seguida retornou e disse que não poderia fazer nada, que apenas assinou o ato como presidente e que eu procurasse meus direitos. Ainda argumentei que nunca tinha assinado nenhum holerite e que as assinaturas eram falsificadas e indaguei como eles tinham conseguido receber por mim. Walace apenas reafirmou que era problema do vereador e que eu buscasse meus direitos” contou.
José Carlos garantiu que irá ao Ministério Público denunciar Walace e Edmar. “Não concordo com a atitude deles, além de contratar servidor fantasma, se apropriaram do dinheiro público, ainda são desrespeitosos como se o erro fosse meu. Avisei que aguardaria um pouco para que repensassem, mas não tiveram a dignidade de me procurar para solucionar o problema. Por isso decidi que deveria tornar público e vou encaminhar hoje mesmo ao Ministério Público com todos os documentos que comprovam a denúncia. Quem sabe assim, esses políticos tomarão vergonha na cara e param de usar servidor “fantasma” para se beneficiarem”, desabafou José Carlos Bello.
O VG Notícias encaminhou nesta segunda-feira (27.08) a denúncia ao Ministério Público do Estado.
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