O Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), movido à eletricidade, pode ser ampliado em Várzea Grande, contemplado o Centro da cidade, conforme discutido em reunião nessa sexta (22.01), entre a equipe técnica da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra) e a equipe técnica da Prefeitura de Várzea Grande. Na oportunidade foram apresentadas as diretrizes do plano funcional da rede integrada do transporte coletivo para a implantação do BRT.
Conforme o Governo do Estado, foi discutida a ampliação do modal na cidade, que teria apenas um eixo do transporte em caso de manutenção das obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), entre o Aeroporto Marechal Rondon em direção à região do CPA, em Cuiabá. Com o BRT, será possível integrar outras grandes regiões de Várzea Grande, como a do Cristo Rei, até o centro da cidade, e contribuir para o desenvolvimento do município.
Durante a reunião, o engenheiro Arlindo Fernandes mostrou que o sistema do BRT prevê a operação de linhas expressas que podem fazer percurso saindo da calha viária planejada para o VLT, nos eixos de Várzea Grande sentido CPA e sentido Coxipó, em Cuiabá. Desse modo, proporcionará maior alcance social, uma vez que vai atingir as regiões mais populosas e também mais distantes do eixo estrutural do VLT.
No caso de Várzea Grande, essas linhas podem levar os passageiros da região do aeroporto até o centro de Cuiabá sem nenhuma parada, com maior rapidez e redução do tempo de viagem. Além disso, é possível a instalação de outros terminais para além dos já previstos no plano do VLT, como o do aeroporto, atendendo a várias outras regiões da cidade que não seriam beneficiadas caso não houvesse a implantação do BRT.
“O BRT traz uma possibilidade de ajustes no projeto. O VLT, por ser uma metodologia ferroviária, tem uma rigidez. O BRT tem toda uma flexibilidade e não precisaria operar somente do Aeroporto até a Prainha, como estava previsto o VLT. Como também poderia operar com uma linha expressa prevendo a não parada. A demanda do BRT é capaz de atender muito mais eixos e mais passageiros”, disse.
Representando a prefeitura de Várzea Grande, Claudio José da Silva pontuou que a cidade tem o interesse de inserir um novo contexto no BRT, a fim de que a população do município tenha acesso com maior facilidade ao centro de Várzea Grande. O objetivo é que, com a implantação do BRT, a cidade possa construir um sistema de integração do transporte coletivo de todos os bairros em uma única região, no centro.
“Aquele terminal do aeroporto, que é o ponto de repouso da frota do VLT, está a 800 metros para frente da rotatória. Não temos interesse de manter esse traçado. Nos não temos interesse no momento de continuar ativado o terminal André Maggi. Queremos o prolongamento na área central, na Avenida Couto Magalhães com um binário na avenida Filinto Mulller, e que ia até uma rua que chamamos de Dito peixe, na Coronel Norberto”, disse.
Também representando a prefeitura de Várzea Grande, Enodes Soares explicou que o terminal do aeroporto, como estava previsto no VLT, não tem grande utilidade para o transporte do município, visto que o interesse é interligar as duas principais avenidas de Várzea Grande às regiões do Grande Cristo Rei, Chapéu do Sol e Parque do Lago e unificar a cidade.
“A ideia que estamos discutindo é construir um arco de integração dentro do centro, com a construção de algum terminal mais próximo dessa localidade, para que possamos redesenhar as linhas de ônibus para chegar até esse arco central, que é onde atende de fato a nossa população. A população de Várzea Grande não tem o interesse de chegar até o terminal do aeroporto. A nossa vontade é de trazer essa integração para o centro da cidade, interligar as duas principais avenidas de Várzea Grande, inclusive possibilitando a integração com a região do Cristo Rei que o aeroporto acaba separando”, afirmou.
Enodes esclareceu ainda que essa integração das regiões vai trazer benefícios para além da mobilidade urbana da cidade, mas também para a economia do município. “Hoje é mais fácil quem está no Cristo Rei ir para Cuiabá do que para o centro da nossa cidade. Eles vão comprar em Cuiabá e não no centro de Várzea Grande e sabemos que para a economia do nosso município isso não é interessante. Com o BRT vamos fomentar o movimento no nosso centro”, ressaltou.
Além da economia, Enodes afirmou que a integração do município vai proporcionar uma nova identidade para Várzea Grande. “Na cabeça das pessoas, o que é bom está em Cuiabá e o que é ruim está em Várzea Grande. Tem esse sentimento de cidade que não existe. Mas nós somos uma cidade com vida própria e nosso sistema viário não tem esse casamento. E queremos trabalhar para mudar nossa cidade, para fazer essa integração e unificação do transporte”, garantiu.
O presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (Ager), Luis Alberto Nespolo, reforçou a importância da discussão junto ao municipio à ampliação do modal de transporte em Várzea Grande, que só é possível graças à mudança para o BRT, e que irá beneficiar também o transporte intermunicipal.
“Estamos nos inteirando desse projeto do BRT e sabemos da importância dessa necessidade de Várzea Grande e vamos contribuir para que possamos conseguir desenhar uma solução adequada também para o transporte intermunicipal. Queremos extrair o melhor desse modal. É um projeto sensacional e que com o detalhamento a ser feito será ainda mais benéfico para toda a sociedade”, afirmou.
Carlos Brito, representando a Casa Civil do Governo de MT, lembrou que Várzea Grande é a cidade que mais sofreu com o abandono das obras do antigo modal e que a implantação do BRT é uma oportunidade que o Governo de Mato Grosso oferece para o crescimento e desenvolvimento do município, que é o segundo mais populoso do Estado.
“Entendemos que o município quer se posicionar e que querem romper com essa cicatriz que ficou. Gostei de ver o entusiasmo de Várzea Grande em querer se consolidar. Essa demanda deles é atualíssima e maximiza a importância do BRT e dessa flexibilidade. As pessoas vão para Cuiabá, pois é mais fácil ir para lá. Mas se o BRT passar a ofertar uma possibilidade diferente, os moradores de Várzea Grande passam a descobrir o comércio de Várzea Grande e todas as soluções que ela está buscando em Cuiabá. É uma oportunidade que o Governo quer dar à cidade. Estamos discutindo aqui muito além de mobilidade urbana. É preciso que a população enxergue isso”, ressaltou.
Além deste encontro, uma nova reunião será agendada para que os técnicos de Várzea Grande possam apresentar estudos técnicos a respeito do fluxo de usuários e a situação atual do transporte coletivo na cidade.
A previsão é de que o plano seja finalizado em até 60 dias e será a partir deste documento que se iniciarão os processos legais de elaboração de projeto executivo e licitação para a implantação dos corredores estruturais de transporte coletivo para a instalação do BRT.
Para a implantação de toda a infraestrutura do BRT, o Governo do Estado se responsabilizará pela realização das obras: corredor segregado, as estações e terminais, os sistemas de monitoramento de frota e segurança e a aquisição dos ônibus movidos à eletricidade.
Os investimentos estimados serão de R$ 430 milhões, com aquisição de 54 ônibus elétricos. As obras devem durar até 24 meses, sendo que o BRT é considerado o modal que apresenta o menor custo e tempo de implantação, além de menor impacto no trânsito e menor tarifa, na faixa de R$ 3,04.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).