por Renato de Paiva Pereira *
Pesquisa do DataFolha do final de abril mostra que a intenção de voto no ex-presidente Lula está crescendo, embora o índice de rejeição ( 45%) sugira dificuldades para se eleger, caso consiga postergar a iminente condenação em Curitiba e consequente confirmação em segunda instância, o que acabaria de vez com o sonho dele de voltar ao comando do país.
Sem nenhuma surpresa a pesquisa confirma que a despeito das inúmeras denúncias dos crimes do Lula, grande parte da população (mais de um terço dos eleitores) o considera a pessoa ideal para ocupar a presidência.
Nem espanta que o contraponto ao líder do PT seja o ídolo da direita o capitão Bolsonaro ( 2º lugar), deputado grotesco, vulgar e truculento, talvez o mais inoportuno entre todos os possíveis presidenciáveis.
Admirador do estilo "prendo e arrebento" dos militares, violento crítico da homossexualidade, o capitão está com as ideias totalmente descompassadas do pensamento minimamente civilizado.
A pesquisa mostra também uma grande intenção de votos no juiz Sérgio Moro, atual "salvador da pátria", como já apontou, em outro momento, o ex-ministro Joaquim Barbosa. Como a coisa está feia em termos de corrupção no país cria-se a ilusão que um "Messias" destemido no combate ao crime seria também um governante eficiente.
Ainda conforme informam os jornais, mais de 70% da população são contra as reformas em andamento no Congresso. Este dado também não surpreende, pois é natural que as pessoas defendam seus interesses imediatos.
Por isso as mudanças propostos terão de ser feitas a contragosto dos trabalhadores, porque não é possível conseguir apoio popular para elas. Eu, você e a torcida do Flamengo queremos pagar menos (ou nenhum) imposto, trabalhar pouco, aposentar cedo, ter acesso à saúde pública, educação, creches etc, etc. O problema é que são muitas as demandas e poucos recursos para realiza-las.
Digo que não surpreende nem espanta a possibilidade de eleição do Lula ou Bolsonaro, porque esse modelo disfuncional de democracia direta possibilita aberrações. Ele apresenta um sério risco de elegermos pessoas desonestas (Lula) ou grotescas ( Bolsonaro) que convencem o povo com discurso fácil ou com promessas impossíveis. Também, às vezes consagra pessoas que se destacam com atitudes corretas (Sérgio Moro e Joaquim Barbosa ) mas não por isso capacitados para dirigir o país.
A sacralização de qualquer ideia tem o dom de mascarar seus defeitos e exaltar as virtudes. Quando aceitamos que algo é sagrado, afirmamos sua perfeição, abandonando qualquer iniciativa de melhora ou substituição. Assim é a Democracia (sagrada para muitos), que pode ser muito boa na Suíça, mas não funciona no Brasil.
* Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor.
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