por Edina Araújo*
Enquanto o Brasil enfrenta desafios econômicos e a população clama por serviços públicos de qualidade, os discursos de senadores e deputados federais continuam afinados em um mesmo tom: “É preciso cortar gastos, reduzir impostos e combater privilégios”. Soa bonito, ganha manchetes e engana parte do eleitorado. Mas, na prática, o que se vê no Congresso Nacional é justamente o oposto: ampliação de cargos, criação de novos privilégios e um sistema que sobrecarrega ainda mais quem paga a conta — o contribuinte.
Recentemente, a Câmara aprovou o aumento do número de deputados federais, o que significa mais salários, mais verbas de gabinete, mais assessores, mais carros oficiais e mais gastos com estrutura. Ao mesmo tempo, o Senado mantém penduricalhos e regalias que resistem a qualquer tentativa de moralização. O discurso de austeridade termina no palanque. No plenário, reina a velha política do “toma lá, dá cá” e da blindagem institucional.
A contradição salta aos olhos. Fala-se em “responsabilidade fiscal”, mas se aprova aumento de fundo eleitoral bilionário. Fala-se em “alívio tributário para os mais pobres”, mas se criam mecanismos que, na prática, aumentam a carga tributária para sustentar a máquina pública. Fala-se em “fim dos privilégios”, mas quem está no topo do sistema político se recusa a abrir mão de auxílios imorais e aposentadorias especiais.
A incoerência, infelizmente, não é exceção — é regra. E a população, cada vez mais sobrecarregada com impostos e desassistida nos serviços básicos, é quem sustenta o privilégio de poucos. No fim das contas, os cortes que tanto pregam são seletivos: nunca começam por onde realmente deveriam.
É hora de o eleitor estar atento. As incoerências precisam ser apontadas, os discursos confrontados com as ações. Do contrário, continuaremos financiando o luxo dos mesmos que dizem que é preciso “cortar na carne” — desde que não seja na deles.
*Edina Araújo, jornalista e diretora VGNOTICIAS e Fatos de Brasília
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