por Edina Araújo*
As revelações que podem ter emergido da delação premiada do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves confirmam aquilo que o havia antecipado com exclusividade na terça-feira (20.05), sob o título "A delação do lobista Andreson vem aí!": estávamos diante de uma conspiração que poderia literalmente derrubar a República.
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Segundo fontes do , a família de Andreson, teria convencido o lobista a fazer delação. A família trocou de advogados — agora sob os cuidados de um escritório especializado em acordo de delação.
No início das investigações, o que parecia ser mais um caso de venda de sentenças - já grave por si só - revelou uma 'hidra de múltiplas cabeças', com tentáculos que se estendiam desde os gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) até as entranhas de um grupo paramilitar autodenominado "Comando C4".
Antecipação da delação
Quando fontes próximas ao alertaram sobre a iminente delação de Andreson, muitos não duvidaram da dimensão do que estava por vir. "Esse cara vai derrubar a República", sussurravam nos corredores do poder. Hoje, com os documentos da Polícia Federal em mãos, podemos afirmar: não era exagero.
A delação de Andreson não apenas confirmou o esquema bilionário de venda de sentenças, mas escancarou a existência de uma organização criminosa empresarial que operava como verdadeiro Estado paralelo. O "Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos" - esse o significado da sigla C4 - mantinha uma tabela de preços para espionagem e assassinatos que faria corar os cartéis mais sanguinários do continente.
A tabela do terror
Os documentos obtidos pela Polícia Federal revelam uma frieza empresarial assustadora. Como se fossem cotações da bolsa de valores, os preços variavam conforme o "produto":
• Figuras normais: R$ 50 mil
• Deputados: R$ 100 mil
• Senadores: R$ 150 mil
• Ministros do Supremo: R$ 250 mil
A própria Polícia Federal se chocou, não apenas pelos valores mencionados para as "encomendas", mas pela estrutura operacional. Locação de imóveis próximos aos alvos, uso de "iscas" humanas (garotos e garotas de programa), material de disfarce e até drones de vigilância. Uma verdadeira central de inteligência paralela operando no coração da democracia brasileira.
Da venda de sentenças ao braço armado
O que começou com a investigação do assassinato do advogado Roberto Zampieri, 57 anos - executado com dez tiros em Cuiabá, no dia 5 de dezembro de 2023 - evoluiu para o maior escândalo de corrupção e violência política dos últimos anos. Zampieri havia comprado uma sentença favorável em um processo envolvendo um terreno de R$ 100 milhões, desagradando o mandante de seu assassinato.
Ao analisar o telefone da vítima, a Polícia Civil encontrou os fios de uma trama que chegava aos gabinetes do STJ. A investigação migrou para o Supremo Tribunal Federal (STF) e, na sétima fase da operação, revelou o que os investigadores classificam como "grupo de extermínio e espionagem".
A República “por um fio”
O que fontes do alertaram sobre Andreson "derrubar a República" hoje fica claro que não era apenas no sentido de um golpe tradicional, mas pela exposição de um sistema de corrupção e violência que corroia as instituições por dentro, como um câncer em metástase.
A descoberta de que militares da ativa e da reserva, junto com civis, operavam um esquema empresarial de morte por encomenda e espionagem institucional revela o grau de decomposição que certas estruturas do Estado haviam atingido.
O preço do crime
A Polícia Federal ainda investiga o alcance total da organização. Cada nome, cada valor, cada anotação manuscrita encontrada pode revelar novas ramificações dessa rede criminosa que ameaçava o próprio tecido democrático.
A delação de Andreson não derrubou a República – ela vai salvá-la. Ao expor a podridão que crescia nas sombras do poder, permitiu que o sistema imunológico democrático reagisse a tempo de evitar uma septicemia institucional.
O estava certo. E a República, por pouco, não pagou o preço final dessa omissão coletiva que quase custou nossa democracia
Nova fase da operação
A nova fase da operação vai chegar em Mato Grosso com mais força e os alvos, segundo fontes, são juízes, advogados e outros suspeitos. Fontes asseguram que o número de alvos é assustador. "A delação de Andreson só está começando. Quem tinha negócio escuso com este grupo pode colocar a 'barba de molho' e 'dormir de roupa' para não ser pego nu ou de pijama pela Polícia Federal."
Ainda, conforme fontes, há membros da mais alta Corte do Judiciário brasileiro envolvidos no esquema com Andreson. Resta saber se os nomes destes envolvidos virão à tona.
A operação teve como principais alvos:
Aníbal Manoel Laurindo – produtor rural de 73 anos, principal suspeito de ter encomendado a morte de Zampieri.
O advogado atuava contra a família do produtor rural, em uma ação que resultou em sucesso judicial.
Coronel Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas – investigado como possível financiador do crime e proprietário da arma utilizada. Ele foi um dos alvos das buscas realizadas em Belo Horizonte.
Antônio Gomes da Silva – apontado como o atirador responsável pela execução.
Hedilerson Fialho Martins (Barbosa) – teria atuado como intermediador da execução e seria o dono de uma pistola 9 mm usada no crime.
*Edina Araújo, é jornalista e CEO do VGNOTICIAS
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