A sessão ordinária da Câmara de Várzea Grande dessa terça-feira (27.05) expôs, de forma constrangedora, como o Legislativo municipal se transformou em palco de disputas pessoais, bate-boca e troca de acusações, enquanto a população agoniza nos corredores do sistema de saúde. O embate entre os vereadores Feitoza (PSB) e Rosy Prado (União) revelou a baixeza do nível político local e como interesses particulares se sobrepõem ao interesse público.
Rosy Prado protagonizou um espetáculo de negacionismo político ao tentar dourar a pílula da calamidade sanitária municipal. Mesmo reconhecendo que os corredores do Pronto-Socorro estão abarrotados, a vereadora insistiu em elogiar a secretária de Saúde, numa demonstração patética de alinhamento automático com o governo. Sua justificativa de que "os encaminhamentos estão sendo feitos" soa como piada de mau gosto para quem enfrenta horas de espera por atendimento básico.
Feitoza não poupou críticas ao sugerir que Rosy seria "uma das maiores beneficiadas" pelo sistema de saúde municipal, insinuação que aponta para possíveis privilégios que contrastam com o sofrimento da população comum. O momento mais explosivo veio quando o vereador trouxe à tona o caso de Oswaldo Prado Rocha, sobrinho de Rosy e ex-superintendente preso por envolvimento em esquema de desvio de medicamentos. Ao sugerir que basta "entrar no Google" para relembrar os desmandos, Feitoza expôs a hipocrisia de quem defende uma secretaria que em cinco meses, já fechou quase R$ 80 milhões em contratos sem licitação e carona em atas.
O debate degenerou em teatro quando Rosy tentou se apresentar como exemplo de "humildade e educação", enquanto Feitoza ironizou as "boas maneiras" da colega, acusando-a de oscilação política ("um dia chama a prefeita de bomba, no outro está com buquê de flores").
Enquanto Rosy Prado enche a secretária de Saúde de elogios, os corredores do Pronto-Socorro continuam abarrotados de pacientes, transformados em cenário de guerra sanitária. O alinhamento político cegou completamente quem deveria exercer a fiscalização - papel fundamental do Legislativo que foi jogado no lixo em troca de conveniência partidária.
A vereadora prefere fazer média com o Executivo a enfrentar a realidade brutal: pessoas agonizam em macas nos corredores enquanto ela tece elogios a uma gestão que está fracassando vergonhosamente na saúde pública. É a politicagem no seu pior formato - quando o cargo vira trampolim para interesses pessoais, não instrumento de defesa da população.
Resta torcer para que em 2028 os eleitores tenham memória suficiente para não repetir o erro de eleger quem confunde mandato com sinecura.
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