De justiceiro implacável a defensor das liberdades individuais, Sérgio Moro parece ter descoberto tardiamente os encantos do garantismo jurídico — mas só quando o réu atende pelo nome de Jair Bolsonaro. Quando era Lula o investigado, não faltaram grampos, condução coercitiva e exposição midiática. Agora, com o bolsonarismo na berlinda, Moro encarna o papel de paladino da legalidade.
A guinada não passou despercebida em Brasília. Nos corredores do Senado, já se comenta que o ex-juiz tenta, com cara de moderado e discurso de "Estado de Direito", cavar espaço no vácuo da direita que se fragmenta. O mesmo Moro que um dia chamou aliados de Bolsonaro de milicianos hoje defende o ex-presidente como vítima de abuso. Seria arrependimento tardio — ou ensaio para 2026?
Se a toga ficou no passado, o faro político continua afiado. Resta saber se o eleitorado vai engolir mais essa metamorfose.
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