Quem aí se lembra de Cinderela Baiana? É um clássico, né? Só que um clássico da ruindade e o pior filme brasileiro de todos os tempos. Sério, não há concorrência para o que Carla Perez fez 1998 e que agora, em 2013, faz aniversário de 15 anos. Sabe aquele tipo de produção em que nada, mas absolutamente nada se salva? Pois é isso o que aconteceu aqui. Ou melhor, salva-se uma única peça: Lázaro Ramos em início de carreira.
O filme é um desastre em todos os sentidos: roteiro, direção, produção, distribuição, atuações e o que mais você quiser enumerar. A história mostra uma família extremamente pobre do interior da Bahia. Eles não têm o que comer e vivem mendigando. A filha do casal, a menina chamada Carlinha, passa fome mas adora dançar, mesmo sem música tocando. Magrelinha e descalça, a garotinha não para de requebrar um só instante no meio da caatinga, já dando a entender que viria a ser uma grande dançarina no futuro.
A história vai se desenvolvendo até que Carlinha cresce e vira uma moça em Salvador. Ela tem o sonho de ser dançarina, mas é muito pobre e vive perambulando pelas ruas da cidade ao lado de seus amigos, um deles é Chico (Lázaro Ramos). Papo vai, papo vem, surge um empresário inescrupuloso que quer encontrar a melhor dançarina para consguir explorar e ganhar muito dinheiro. Ela é Carlinha, obviamente.
De tão ruim, o filme foi um grande fracasso de bilheteria e uma vergonha para sua protagonista, que renega o trabalho. Como é uma raridade em vídeo, a internet virou sua casa, onde tem muitas visualizações e se tornou uma espécie de hit do riso involuntário por causa de seus diálogos sem sentido e cenas sem pé nem cabeça. Nada faz muito sentido ali, na verdade, não apenas as falas. Há algumas cenas verdadeiramente surreais. Uma delas é quando morre a mãe de Carlinha: alguém (não se sabe quem) prepara o velório. O pai e a menina chegam em casa e vêm a mulher morta, cercada por velas e flores. Quem preparou aquilo? Vai saber. Na sequência, os dois viram as costas e vão morar em Salvador. Assim, com a mãe ali morta. Não esperaram nem o enterro. E qualquer cena é motivo para colocar Carla Perez dançando, sem nenhuma explicação. De onde vem a música para o povo requebrar no meio da rua? Mais mistério.
A sequência final, que você assiste abaixo, é um primor: tem um discurso de Carlinha, agora a Cinderela Baiana, contra a exploração do trabalho infantil. Assista ao vídeo mais abaixo para ver a total falta de sentindo, especialmente com o helicóptero aparecendo ao fundo.
A direção e roteiro de Cinderela Baiana é de Conrado Sanchez, diretor da Boca do Lixo (reduto independente do cinema de São Paulo). Em sua defesa, em entrevistas, Sanchez disse que apenas metade do roteiro foi filmado devido às dificuldades da produção e do baixo orçamento. O resultado é que praticamente ninguém do elenco era ator, havia apenas Lázaro Ramos, do teatro independente na época e em começo de carreira e também Perry Salles. Tem até participação de Alexandre Pires, namorado da loira na época. De resto, foi uma tragédia total, inclusive a atuação da própria Carla, que pensava em se lançar como atriz. Isso, ao menos, foi positivo: ficamos livre de vê-la atuando por aí.
O longa foi feito em 1998 com um pensamento antigo que funcionava no cinema nacional: pegue uma famosa - geralmente com grandes atributos físicos - e a coloque num filme no cinema para o povão. Surge um sucesso, como aconteceu diversas vezes com inúmeros pornôchanchadas. Mas já não era mais o caso e o que menos as pessoas queriam era ver Carla Perez atuando. O resultado foi o fracasso total. Por causa disso, hoje Carla nem pensa em ser atriz. Nos demos bem, amigos.
Assista à cena final, uma pérola do cinema nacional:
Marcos 20/05/2013
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Todos pequenino merecem paz
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