O Projeto de Recomposição da Aprendizagem (PRA) da Secretaria de Educação de Mato Grosso (Seduc) já começou a fechar turmas em escolas de Cuiabá e Várzea Grande, gerando revolta estudantil e ameaças de boicote às aulas.
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Na Escola Estadual Adalgisa de Barros, em Várzea Grande, 30 estudantes tiveram sua turma fechada e foram redistribuídos para outras salas. O mesmo ocorreu com uma turma do terceiro ano na Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller.
Layan de Moura, vice-presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes-MT), anunciou que os estudantes não entrarão em sala de aula se o programa for implementado: "Nós decidimos que se ocorrer a mudança, a gente não vai entrar em sala. Porque é inadmissível isso".
Representantes estudantis denunciam que algumas escolas estão impedindo sua participação nas reuniões sobre o PRA. Layan relata ter sido "muito mal recebido" na direção da Escola Adalgisa de Barros, acusando a gestão de autoritarismo por não permitir o diálogo sobre um programa que "vai afetar a vida dos estudantes".
Segundo o representante da Ubes-MT, há professores e estudantes contrários ao programa dentro das próprias escolas, mas o diálogo está sendo impedido pelas gestões escolares.
O que é o PRA e por que gera polêmica
O Projeto de Recomposição da Aprendizagem pretende criar turmas específicas para alunos com defasagem de idade ou nota, separando-os das turmas convencionais. Os críticos denunciam isso como uma forma de "segregação educacional".
Características do programa:
• Voltado para estudantes do 3º ano do Ensino Médio com defasagens
• Mesma carga horária (1.000 horas anuais) das turmas convencionais
• Material e estratégias pedagógicas personalizados• Aulas no mesmo turno do estudante
• Possibilidade de reclassificação para alunos do 1º e 2º ano.
Mobilização se amplia
A revolta não se limita aos estudantes. Pais, sindicatos e responsáveis também manifestaram indignação contra o programa. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintep-MT) se posicionou contra a implementação.
Outro lado
A reportagem do entrou em contato com a diretora da Escola Estadual Professora Adalgisa de Barros, mas ela não quis se manifestar, alegando que as acusações não são condizentes com a realidade.
Em nota, a Secretaria Estadual de Educação se limitou a explicações genéricas sobre o programa, afirmando que está estruturado conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/1996 e possui chancela do Conselho Estadual de Educação de MT, através da Portaria nº 024/2025/GAB/CEE-MT. A diretora da Escola Adalgisa se recusou a comentar, alegando que as acusações "não são condizentes com a realidade".
As aulas acontecerão no mesmo turno em que o estudante já está matriculado.
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