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Artigos Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2024, 18:41 - A | A

Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2024, 18h:41 - A | A

Edina Araújo*

Luxo e migalhas: a contradição da hipocrisia

 por Edina Araújo*

Há uma indignação latente, presente no silêncio daqueles que sofrem e precisam se contentar com as “migalhas” que os governantes oferecem. Não se trata de revolta, muito menos de inveja; é apenas um grito abafado, ecoado por aqueles que, diariamente, observam a contradição escancarada nas “ações sociais” que são feitas sob os holofotes para as redes sociais que expõem a “bondade” de governantes e suas primeiras-damas.

A mesma mão que distribui cestas básicas à população carente ostenta bolsas de grife cujo valor poderia proporcionar muito mais do que “esmolas”, poderia oferecer dignidade. Uma dignidade que falta àqueles que saem antes do sol nascer, deixando seus filhos — sabe-se lá com quem e em que condições — para limpar mansões, cozinhar para os filhos dos patrões e, muitas vezes, voltar para casa sem a certeza de que suas próprias crianças terão o que comer.

Como se isso não bastasse, as ações sociais realizadas nos bairros carentes são acompanhadas por um espetáculo de vestimentas que se transforma em um verdadeiro desfile de ostentação, soando como uma afronta àqueles que lutam para sobreviver. A imagem é quase surreal: um pé no luxo, outro na "compaixão". Mais grave, porém, é o fato de essas pessoas sequer perceberem o contraste. Vivem em uma bolha, um mundo paralelo onde a hipocrisia se tornou invisível.

Essa caridade vazia, conduzida sob holofotes e registrada em fotos e vídeos estrategicamente para publicizar o feito, não é altruísmo; é vaidade disfarçada. Afinal, como pode alguém que realmente enxerga a dor do outro se contentar em oferecer migalhas enquanto exibe símbolos de poder e riqueza?

A hipocrisia se repete como um ciclo vicioso. Até quando? Até onde vai a desconexão de uma elite que prefere alimentar a própria imagem a estender uma mão transformadora?

Felizmente, existe uma lei que não falha: a lei do retorno. Ela pode tardar, mas não falha. Quem planta migalhas colhe vazio. Quem vive da vaidade um dia se depara com a solidão. A vida, em sua sabedoria implacável, sabe equilibrar as contas. E, para aqueles que hoje sofrem sob o peso dessas contradições, resta a certeza: o universo não perdoa a hipocrisia.

O tempo cobra. A vida devolve. E a justiça, mesmo que silenciosa, se cumpre.

*Edina Araújo, jornalista e diretora do Portal VGNOTICIAS

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