por Lauro da Mata*
Num dos pontos da Avenida Filinto Muller foi instalado um radar de velocidade (60 km) exatamente após mortes provocadas naquele local por um motorista em altíssima velocidade, conforme imagens amplamente divulgadas à época. Exatamente um dos radares desativados pela Administração que, ao que consta, justifica tal medida por que era promessa de campanha.
Em tempos atuais de algumas guerras em andamento é do senso comum que os soldados ao irem para o campo de batalha, são plenamente conhecedores do que lhes está provavelmente reservado. Voluntários ou não é o que lhes resta.
Soldados regulares ou mercenários sabem perfeitamente que não retornar para casa é uma possibilidade real e não uma opção ao seu dispor. Mais ou menos como os motoristas mais apressados e nada gentis da terra de Jayme Campos.
No transito de VG – um dos mais letais do estado, segundo autoridades do setor – temos duas categorias de atores. Os que proporcionam a barbárie e que, como os soldados, certamente que sabem das consequências dos seus atos e os inocentes que sofrem as consequências sem que tenham qualquer responsabilidade por elas. Estes são como os civis das guerras.
O trânsito nas cidades do Brasil é caótico. Nas cidades de Mato Grosso não seria diferente, mas o trânsito de VG é diferenciado. Para pior do que a regra geral no estado. Sintam-se convidados a constatarem que não existe motorista mais apressado do que os da terra de Couto Magalhães e da saudosa Sarita Baracat. Inclusive para no período noturno acharem não apenas um, mas vários carros, camionetes e motocicletas trafegando com os faróis apagados.
Por justiça é bom anotar que já há alguns anos cidades como Tangará da Serra e Campo Verde, dentre outras, é possível perceber um certo respeito às regras, especialmente na proteção dos pedestres.
Em VG não existe educação de trânsito alguma, não apenas na atual, mas desde gestões passadas. Em 2004 em seguida a vitória de Murilo Domingos, numa roda de conversa sobre os problemas da cidade, feitos os comentários sobre a questão do trânsito era comum ouvir-se que isso não teria conserto e, que, com relação à multas e penalidades (como recolher veículos irregulares) para VG isso jamais pegaria e que a população não aceitaria nada de querer organizar o trânsito, muito menos sanção alguma. Dizia-se que melhor seria não procurar desgaste com isso.
Sem educação de transito e sem penalizações – uma realidade fácil de se constatar.
Em VG têm ocorrido Blitzes com apreensões de veículos e prisões de motoristas em grande número. Medida louvável conjunta de diversos órgãos públicos, principalmente da esfera estadual. A bem da verdade, coadjuvante que seja, a GMVG também participa das mesmas. Também é sabido que a GMVG organiza um “pedal” uma vez por semana, oferecendo apoio aos adeptos.
Diz-se muito que o trabalho da GM é a guarda do patrimônio municipal. Pode ser que seja só isso mesmo. Então na verdade ela até que faz mais ao tentar organizar o fluxo de veículos quando dos frequentes acidentes na cidade.
Mas nada existe no cotidiano da cidade.
Sem PM de trânsito, sem agentes nas ruas o que se vê é um salve-se quem puder. Não se está a querer gentileza, isso seria algo impensável.
Como preambularmente observado, salvo os que se beneficiam com a decisão (os contumazes infratores e os políticos desprovidos de autoridade moral para defender o respeito às regras) muitas são as manifestações no sentido de que a decisão de desativar os radares foi um grande erro, exatamente num momento em que já se estava consolidando o respeito às velocidades recomendadas.
Estão convidados os detentores do poder da absurda decisão a assistirem doravante as verdadeiras corridas nos pontos desativados, querendo Deus que não se assista o perecimento de inocentes, especialmente crianças.
*Lauro José da Mata é advogado
Brasil unido pelo Rio Grande do Sul
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