Por Cícero Ramos*
Você já parou para pensar por que foi criado o curso de Engenharia Florestal no Brasil? Por que uma graduação tão específica? Será que outras graduações não poderiam atender as demandas relacionadas as florestas?
A resposta está na complexidade dos ecossistemas florestais, que não podem ser plenamente atendidos por abordagens generalistas. As florestas exigem precisão em cada intervenção: demandam conhecimento técnico, visão clara do presente e compromisso com o futuro.
No dia 12 de julho celebra-se o Dia do Engenheiro Florestal. A história da Engenharia Florestal no Brasil está profundamente ligada à necessidade urgente de gerenciar nossos recursos florestais de forma sustentável, especialmente diante da intensa exploração das florestas brasileiras ao longo do século XX. Era preciso agir com responsabilidade e, para isso, era essencial formar profissionais capacitados para compreender, manejar e conservar os ecossistemas florestais.
Foi nesse contexto que, em 1960, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da FAO/SF, o governo brasileiro criou o primeiro curso de Engenharia Florestal do país, em Viçosa (MG) e depois transferido para Curitiba, na UFPR, em 1963.
O Engenheiro Florestal é o profissional legalmente habilitado por assegurar a exploração sustentável dos recursos florestais, por meio de ações como o manejo florestal, a avaliação de ecossistemas e a pesquisa de sementes e produtos florestais.
O conhecimento dos recursos florestais é estratégico para o desenvolvimento e o ordenamento territorial e ambiental do Brasil. A engenharia florestal contribuiu para os avanços no Código Florestal de 1965, que aperfeiçoou o Código de 1934. Entre os avanços, destaca-se a exigência de projetos de manejo sustentável das florestas da Amazônia, da exploração de impacto reduzido, substituindo práticas exploratórias empíricas por abordagens baseadas em critérios científicos e legais.
A partir da criação dos cursos de engenharia florestal, a pesquisa florestal ganhou espaço e reconhecimento: o melhoramento genético, o controle fitossanitário, o aperfeiçoamento das práticas silviculturais e adoção de técnicas de plantio mais eficientes contribuíram para elevar os índices de produtividade no setor. O desmatamento ilegal, as mudanças climáticas exigem, cada vez mais, uma atuação técnica, ética e comprometida.
O estado de Mato Grosso possui mais de 5 milhões de hectares de florestas sob manejo florestal sustentável, com atuação direta desses profissionais nos Projetos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) e na cadeia produtiva da madeira. Além disso, estão presentes em órgãos públicos (municipais, estaduais e federais), instituições de ensino e pesquisa, consultorias técnicas e organizações do setor produtivo.
Atualmente, o estado conta com cursos de graduação em Engenharia Florestal nas cidades de Cuiabá, Alta Floresta, Sinop, Cáceres e Jaciara, contribuindo para a formação de novas gerações de profissionais.
A Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais (AMEF), com mais de 45 anos de atuação, reafirma seu compromisso institucional com a valorização da profissão, a defesa do exercício profissional e a promoção do uso responsável das florestas em benefício da sociedade.
*Cícero Ramos, engenheiro florestal, vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais-AMEF.
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