O técnico em enfermagem Luiz Francisco da Costa Júnior, de 36 anos, protagonizou um momento de emoção na terça-feira (19.01), em São Raimundo Nonato, a 517 km de Teresina, ao ser vacinado. O profissional, que foi o primeiro do município a receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19, disse ao G1 que chorou ao lembrar que passou 46 dias internado tratando da doença.
Júnior, como é conhecido, trabalha na área de saúde há 8 anos e relatou que atuou na linha de frente contra a infecção provocada pelo novo coronavírus desde o início da pandemia até testar positivo, em agosto de 2020.
"Primeiro senti só o nariz escorrer e dor na garganta. Pensei que seria leve. O médico passou medicação para eu tomar em casa e assim o fiz durante três dias, até meu quadro piorar", contou.
O profissional teve febre e foi internado primeiro por três dias. Recebeu alta e, pouco depois de voltar para casa sentiu uma piora e teve que ser internado novamente. "Meu pulmão chegou a ficar com comprometimento de 75%. Tive que ser intubado e fui transferido para Teresina", afirmou.
Júnior teve 100% do pulmão comprometido e chegou a ficar mais de 15 dias intubado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Getúlio Vargas, em Teresina. "Me tiraram do tubo porque eu já tinha ficado o máximo. Ainda fizeram a traqueostomia [abertura de orifício artificial na traqueia para promover uma via aérea estável em paciente com intubação traqueal prolongada]", disse.
"Minha situação foi muito grave. Um dia os médicos ligaram para a minha família e disseram que não tinha mais o que fazer comigo, que só mesmo esperar e rezar, porque não havia mais remédio", completou Júnior.
O técnico em enfermagem disse que seus rins chegaram a parar, que ele necessitou de hemodiálise. "Chegaram a dizer que eu não tinha mais jeito. No dia seguinte acho que foi Deus que iluminou e eu consegui mexer. Desse dia para cá meu quadro só foi melhorando e com o passar do tempo tive alta", relatou.
Primeiro a ser vacinado
Júnior disse que não sabe expressar a felicidade que sentiu ao saber que seria o primeiro a ser vacinado em São Raimundo Nonato. "Uma gratidão muito grande. Deus me deu essa chance de eu receber a vacina e poder contar minha história", declarou.
Enquanto recebia a dose, Júnior conta que lembrou de colegas de trabalho que morreram em consequência da Covid-19. "Colegas que trabalhavam com a gente na linha de frente que faleceram, que não tiveram a mesma oportunidade que eu tive. Nem sei explicar direito", desabafou.
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