O pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Cuiabá, Célio José Longo, aparece em um vídeo gravado dentro da igreja fazendo uma saudação nazista. Segundo a assessoria de comunicação da instituição, o caso aconteceu no fim de 2021, durante uma campanha de natal para arrecadação de alimentos.
A igreja informou que não compactua com atos que expressem ou indiquem violência ou agressão contra pessoas. O pastor não quis se manifestar. A apologia ao nazismo é crime no Brasil, com pena de reclusão, Segundo a lei 7.716/1989. A Polícia Civil informou que não há boletim registrado sobre o fato.
Na gravação, um outro membro da igreja pede engajamento das pessoas que estavam presentes no mutirão de natal. Na sequência, o pastor diz: "Nem Hitler em todo a sua glória", e faz a saudação nazista, aos risos.
O gesto era usado no período do nazismo na Alemanha, quando Adolf Hitler governou o país nas décadas de 1930 e 1940 e cometeu o maior genocídio da história: o Holocausto, que vitimou aproximadamente 6 milhões de pessoas, entre judeus, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, pessoas com deficiência e opositores políticos.
A administração local da Igreja Adventista informou, ainda de acordo com a nota, que adotou as medidas pertinentes, em conformidade com seus regulamentos da instituição -- a igreja não explicou quais são as medidas.
Nas redes sociais, Célio se identifica como pastor do Distrito Central de Cuiabá, na Igreja Adventista do Sétimo Dia e informa que estudou teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), campus Engenheiro Coelho.
O g1 entrou em contato com o pastor, que não quis se manifestar sobre o caso.
Apologia ao nazismo é crime
A apologia ao nazismo, usando símbolos, distribuindo emblemas ou fazendo propaganda desse regime é crime no Brasil, com pena de reclusão. Segundo a lei 7.716/1989, também é considerado crime:
Ao saber de uma frase e de um gesto de conotação nazista usados por um de seus pastores, a administração local da Igreja Adventista adotou as medidas pertinentes, em conformidade com seus regulamentos.
A denominação reforça seu amor ao próximo e seu relacionamento respeitoso com as comunidades judaicas ao redor do mundo, lamenta profundamente o episódio e pede desculpas pelo ocorrido.
Igreja Adventista do Sétimo Dia – Leste de Mato Grosso. Cuiabá, 23 de janeiro de 2023.
Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa – ou reclusão de dois a cinco anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meios de comunicação social.
Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Essa lei é respaldada pela própria Constituição, que classifica o racismo como crime inafiançável e imprescritível. Isso significa que o racismo pode ser julgado e sentenciado a qualquer momento, não importando quanto tempo já se passou desde a conduta.
O professor Victor Marcel explica que, nesses casos, a alegação de liberdade de expressão não libera o acusado do crime.
"A liberdade de expressão não é absoluta nem no Brasil e em nenhum país do mundo", disse.
Nota enviada pela igreja:
A Igreja Adventista do Sétimo Dia e suas instituições não compactuam com qualquer tipo de atos ou palavras, ainda que ditas em tom de ironia, que expressem ou indiquem violência ou agressão contra pessoas.
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