O delegado da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), Charles Vinicius Cabral Motta e o superintendente regional da Polícia Federal em Mato Grosso, delegado Sérgio Sadao Mori, relataram como funcionou o esquema de lavagem de dinheiro no âmbito da Saúde de Cuiabá, desarticulada na Operação Cupincha.
Eles apontaram indícios de lavagem de dinheiro na compra da cervejaria Cuyabana, situada no bairro 23 de Setembro, em Várzea Grande, bem como, transações suspeitas com empresas de consultorias e de turismo.
Conforme as investigações, as empresas investigadas prestavam serviço ao município de Cuiabá em leitos de UTIs e de enfermarias específicas para Covid-19. No entanto, o delegado não soube precisar o total desviado.
O valor que essas empresas receberam do município, o que não significa desvio, é muito superior a R$ 100 milhões, em três anos, desde de 2019
Leia mais: PF prende ex-secretário de Saúde de Cuiabá e mais dois suspeitos de corrupção e lavagem de dinheiro
“A operação se aprofunda em algumas questões relativas a indícios de desvio de recursos, provavelmente de corrupção, lavagem de dinheiro, realizada principalmente por duas vertentes: uma que a gente denominou de quarteirização que o município de Cuiabá através da Secretaria de saúde, através da empresa Cuiabana contrata empresas para realizar seu serviço, portanto há uma terceirização e essas empresas terceirizadas contratam outras para realizar uma parte ou todo o serviço, daí quarteirização. Possivelmente este foi um dos mecanismos para desvio de parte dos recursos que vieram do município”, relatou.
Segundo ele, as investigações apuraram algumas transferências suspeitas para empresas de turismo, de empresas de consultorias que devem ser objetos de aprofundamento das investigações. “Um potencial para desvio de recurso, para ocultar valores que deveriam ser empregados na saúde pública”
Questionado sobre o dinheiro apreendido na casa do ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, na primeira fase da operação, o delegado afirmou ser “muito difícil o rastreamento e temerário dizer que esse foi um dinheiro de desvio''. "São respostas que a investigação não fornece”
Indagado como a investigação chegou à cervejaria, o delegado aponta indícios que o dinheiro empregado para aquisição da cervejaria pode ter sido objeto de desvio de recurso público, não necessariamente da Prefeitura de Cuiabá. “esse elemento que as provas que estão no inquérito indicam”
“Alguns indícios e provas colhidas durante a investigação dão conta de que a cervejaria ela está em nome de duas pessoas, mas que na verdade os sócios ocultos seriam as pessoas que sofreram medidas restritivas”, declarou o delegado apontando ainda: “indícios bastante claros que vinculavam a transferência da cervejaria a essas duas pessoas”.
A PF chegou ao nome do ex-secretário pela proximidade com as empresas investigadas, inclusive a aquisição da cervejaria, ou seja, Célio foi apontado como suposto sócio oculta da cervejaria: “Os principais indícios são a aproximação entre o ex-servidor e as empresas investigadas e esse estabelecimento dessa quarteirização, inclusive é muito provável que não se limita ao município de Cuiabá.”
Indagado sobre a relação do Célio com a pessoa presa em Curitiba (Paraná): “O alvo de Curitiba ele é o proprietário de fato das empresas contratadas pela administração de Cuiabá pela administração de Cuiabá, nessa questão que está a aproximação do servidor público com a pessoa que administra essas empresas.”
Diligência – O delegado confirmou ainda a apreensão de uma embarcação no Lago do Manso. No entanto, ainda não finalizou todos os materiais apreendidos e nem o valor total dos bens.
“Essa diligência foi deferida inclusive para identificar se havia o barco e qual era o barco, essa é uma resposta que vai depender de novas diligências”, declarou.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).