No cargo de secretário de Saúde de Várzea Grande desde 27 de março de 2017, Diógenes Marcondes em entrevista concedida a Revista comemorativa aos 150 anos de Várzea Grande, fez um balanço da Saúde Pública municipal e quais são as prioridades no setor na atual gestão. Confira abaixo:
Revista - Secretário Diógenes Marcondes, como está a saúde de Várzea Grande?
Diógenes Marcondes – Não é a saúde pública ideal nem para mim, nem para a prefeita Lucimar Sacre de Campos, mas é claro e evidente que melhorou muito nos últimos 24 meses. Quando falo que não é a ideal, é porque a demanda sempre será reprimida e maior que a capacidade de atendermos a todos que se recorrem à saúde pública em nossa cidade. Assim como Cuiabá, nossa estrutura de saúde acaba atendendo demanda de outros municípios de Mato Grosso e até mesmo de outros Estados, e também de países vizinhos.
Dos 100% de atendimentos de pacientes e os procedimentos realizados, pelo menos 50% são de pessoas que não são de Várzea Grande, mas não olhamos isto, a ordem é atender a todos dentro da nossa capacidade. Várzea Grande a saúde vai bem. Ainda não é o ideal, mas pode anotar aí que vai melhorar muito mais.
Revista - Atualmente, além do Pronto-Socorro de Várzea Grande, o município conta com quantas unidades de saúde em funcionamento? Quantos estão em projeto, com obras em andamento e que devem ser entregues ainda este ano? Há previsão de data?
DM - Não temos como falar em datas, até porque a quase totalidade das obras encontradas pela administração da prefeita Lucimar Sacre de Campos tem algum tipo de irregularidade que precisa primeiro ser sanada para então se decidir se podemos ou não retomar as mesmas. Temos 35 unidades em pleno funcionamento, mas algumas ainda precisam de reforma ou melhorias, como no caso do Hospital e Pronto-Socorro Municipal que neste ano estará 100% reformado, equipado e melhorado.
A UPA Cristo Rei terá suas obras lançadas ainda neste mês de maio, com conclusão prevista para 2018. Também vamos inaugurar este mês a Unidade de Saúde que vai atender aos bairros Ouro Verde, São Simão e Colinas Verdejantes. Esta unidade está entre as 13 Unidades Básicas de Saúde (UBS) que estão com suas obras paralisadas por irregularidades e que dependem de aval dos órgãos de controle para serem retomadas. Embora paralisadas, acredito que como parte dessas obras estão quase concluídas, é possível retomar as mesmas, mas algumas não deverão sair do papel e a tendência é que os recursos sejam devolvidos para o Ministério da Saúde, pois os valores estão defasados e os custos cresceram em demasia.
Mas a política adotada é conseguir construir uma outra UPA e completar a reforma de todas as Policlínicas, lembrando que já foram reformadas e melhoradas as unidades do Parque do Lago, Marajoara, 24 de Dezembro e será entregue durante as festividades do Jubileu dos 150 Anos de Várzea Grande a reforma completa da Policlínica do Cristo Rei. Fora isto, temos ainda outras obras para serem entregues ao longo deste ano de 2017 e para os próximos, como o Centro de Especialidades Odontológica - CEO e as obras das UTIs Adulto e Infantil e do Centro Cirúrgico do Hospital e Pronto-Socorro.
Revista -Qual o bairro do Município mais carente no quesito “Saúde”? Quais medidas estão sendo tomadas para resolver isso?
DM - Temos uma cidade de 300 mil habitantes e completando 150 anos de fundação, então não podemos olhar a saúde de forma específica por bairro. Como temos mais de 200 bairros, entre legalizados ou não, se fossemos fazer uma unidade por bairro teríamos 200 unidades de saúde e isto encareceria o atendimento e tornaria o mesmo ineficiente.
O que precisamos e estamos fazendo é melhorar a Atenção Básica e isto já pode ser sentido, pois entre 2015 e 2016, quando Várzea Grande aplicou mais de 26% de suas receitas em Saúde Pública, quando a lei determina 15%, o atendimento da Atenção Básica cresceu 10%, ou seja, mais do que o crescimento dos últimos quatro anos. Quando se fala em Atenção Básica é possibilitar que as pessoas sejam atendidas em suas demandas sem que isto signifique unidades superlotadas, pois na maioria dos casos a Atenção Básica soluciona os problemas, evitando assim internações ou exames desnecessários.
Revista - O que a população pode esperar para os próximos anos da gestão Lucimar na área da saúde?
DM - Compromisso e muito trabalho. Dedicação em tempo total e principalmente respeito ao cidadão que necessita o Sistema Único de Saúde – SUS. É muito gratificante o trabalho na saúde pública, ajudar ao próximo, principalmente os que realmente precisam, agora é muito melhor quando se tem um gestor comprometido que participa, que conhece e que sabe da realidade e dá uma contribuição.
Falar que vamos resolver todos os problemas é uma utopia, pois a cada dia as demandas se tornam maiores, mas desconhecer o empenho e a dedicação da prefeita Lucimar Sacre de Campos seria um erro. Ela participa, está presente, vai às unidades de saúde e procura se envolver com todas as soluções, cobrando os profissionais para que ofertem uma saúde de qualidade e um atendimento mais humano.
Revista - Como está o desempenho da UPA do Ipase? Houve desafogamento do Pronto-Socorro Municipal? Atendeu às expectativas?
DM -Sem dúvida que a UPA Ipase desafogou o Hospital e Pronto-Socorro. Mas se por um lado desafoga, por outro, como as pessoas da Região Metropolitana veem que a saúde aqui está em melhores condições, naturalmente buscam atendimento aqui e voltamos a ter um excesso na procura.
Um dado significativo: entre janeiro e março deste ano, o Hospital e Pronto-Socorro Municipal e a UPA Ipase atenderam a 65 mil pacientes que realizaram mais de 237 mil procedimentos médicos entre consultas, exames, vacinas e outros. Estes números por si só demonstram que as duas unidades que atendem 24 horas por dia funcionam.
Revista - E quanto ao Pronto-Socorro, o que tem sido feito para melhorar o atendimento? Como está a demanda?
DM - Considero o mais importante as reformas em todas as alas, acompanhada por novos equipamentos e a contratação de serviços específicos. As pessoas precisam entender que o SUS remunera todo serviço realizado. Se existe uma divergência nos valores praticados é um outro problema, mas que todos os serviços são remunerados, isto são.
Quando estiver totalmente reformado e equipado teremos uma unidade de saúde que já é referência, mas que acaba tendo sua capacidade de atendimento extrapolada, o que provoca problemas. É matemática pura. Se nossa capacidade é de 200 atendimentos/dia e são realizados mais de 500, em alguns casos chegamos a mil atendimentos/dia, começamos a ter fadiga de pessoal, de material, enfim o comprometimento de toda uma estrutura concebida dentro de parâmetros específicos.
Revista - Quanto aos repasses do governo do Estado para a área da Saúde, estão em dia?
DM -Investimos mais do que a lei estabelece e mesmo assim faltam recursos. Existe problema quanto a regularidade nos repasses, mas dentro do possível o governo do Estado, através do secretário Luiz Soares e do próprio governador Pedro Taques, tem se empenhado em construir soluções que atendam à demanda.
É bom lembrar que temos um Estado com as dimensões de Mato Grosso, com mais de 3 milhões de habitantes em 141 municípios, alguns distantes de Cuiabá, a capital do Estado, mais de 1.500 quilômetros, o que nos colocaria, no outro sentido na capital do Estado de São Paulo. Volto a frisar, a demanda é reprimida diante da necessidade que é sempre crescente. Inauguramos recentemente uma nova metodologia de trabalho para o enfrentamento das necessidades. Quinzenalmente os secretários de Saúde de Mato Grosso, Luiz Soares, de Cuiabá, Elizete Duarte, e nós iremos fazer reuniões e definir estratégias de atuação conjunta para combater e solucionar os problemas.
Todas as unidades atuando em um único sentido tendem a solucionar o problema na demanda por saúde de qualidade.
Revista -Quanto ao primeiro Centro Odontológico de Várzea Grande, quando ficará pronto e apto a atender a população?
DM - Essa é uma obra que está sendo feita de forma indireta pelo Ministério Público de Mato Grosso, através da atuação da promotora Maria Fernanda Corrêa da Costa. Foi um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com uma empresa particular para ressarcimento por danos ambientais ao município de Várzea Grande. Ainda em 2017 essa obra será inaugurada e entregue à administração municipal, que então passará a gerenciar e realizar os atendimentos.
Gostaria ainda de deixar claro que outra unidade está sendo planejada para ser construída no Grande Parque do Lago, próximo à Policlínica do bairro, para atender à demanda existente por tratamento odontológico.
Revista - Secretário, este espaço é aberto para o senhor fazer suas considerações, expor algo que não foi abordado nas perguntas.
DM - Saúde pública é algo que requer atendimento sempre constante, investimentos cada dia maiores na busca de resultados que atendam à demanda que é sempre constante. Um exemplo claro dos altos e baixos da saúde, está na situação econômica do Brasil, que retirou mais de 4 milhões de brasileiros que tinham planos de saúde e voltaram para o Sistema Único de Saúde – SUS, portanto, o sistema continuará tendo sua demanda reprimida.
Mas estamos fazendo nossa parte e investindo mais do que o legalmente previsto na área, para que o atendimento seja cada dia melhor e mais humanizado. Outra questão fundamental é a educação permanente de todos os servidores do SUS em Várzea Grande. Por exemplo, nos próximos dias começa o curso de acolhimento com classificação de risco para as unidades do Pronto-Socorro e UPA, isto tudo com o intuito de melhorar e humanizar o atendimento.
As pessoas precisam compreender a importância do SUS e que a grande maioria que procura o sistema consegue solucionar seus problemas, mas isto tem custo que é mantido com os impostos pagos por todos os cidadãos, portanto, deve atender aos necessitados.
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