A juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane dos Santos Arruda, ouve neste momento o depoimento do empresário Giovani Belatto Guizardi, proprietário da Dínamo Construtora, na ação penal oriunda da terceira fase da “Operação Rêmora”, denominada “Grão Vizir”, que apura pagamento de propina e fraudes em licitação no âmbito da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC/MT).
A Operação Rêmora revelou esquema de fraudes em licitações na SEDUC/MT, e que segundo denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), detectou que 23 empresários que fraudaram em torno de 20 obras de construção ou de reforma de escolas públicas em Mato Grosso.
O suposto esquema de propina envolvia pagamentos de percentuais em obras que variavam entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões. Entre os presos do esquema estão o ex-secretário de Estado, Permínio Pinto.
Giovani Guizardi chegou a ser preso apontado como um dos operadores do esquema, mas foi solto após firmar acordo de delação premiada com o MP. Diante do depoimento do empresário, foi deflagrada a Operação “Grão Vizir” que resultou na prisão do empresário Alan Malouf.
Além de Malouf é réu nesta terceira fase da Operação Rêmora, o engenheiro eletricista Edezio Ferreira da Silva.
Ainda está previsto para prestar depoimento à juíza o empresário Luiz Fernando da Costa Rondon, dono da Luma Construtora Eirele EPP, que também firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público.
Depoimento - O empresário Giovani Guizardi afirmou que logo no início do governo de Pedro Taques ele solicitou ao empresário Alan Malouf agenda com o secretário de Educação, Perminio Pinto, para trabalhar na Seduc.
Guizardi disse que foi ele quem propôs ao empresário Alan Malouf realizar o esquema de fraudes e cobrança de propina na pasta, mas que em um primeiro momento Malouf não aceitou participar. Posteriormente, o empresário aceitou.
Segundo ele foi formado dois grupos um composto por Perminio Pinto, o deputado estadual Guilherme Maluf e o deputado federal Nilson Leitão. O segundo grupo era formado por ele (Guizardi), Moisés Frigeli e outro servidor da Seduc.
Conforme o empresário, grande parte da propina era direcionada ao deputado Guilherme Maluf, Alan Malouf e Perminio Pinto.
Guizardi cita que arrecadou R$ 1,2 milhão para a suposta organização criminosa, mas que no meio às negociações fraudulentas ficaram sabendo que Perminio Pinto recebeu dinheiro por fora do esquema e que não dividiu o dinheiro (valor que não soube informar) para a organização.
O empresário reafirmou que o deputado Guilherme Maluf, Alan Malouf e Perminio Pinto (que segundo ele representava o deputado Nilson Leitão) recebiam cada um 25% do valor da propina.
"Quero deixar claro que nunca entreguei nada para o deputado Guilherme Maluf. O dinheiro eu passava para o Alan Malouf que repassava o dinheiro para o Guilherme. Assim como fiquei sabendo que todo o dinheiro repassado ao Perminio era enviado para Sinop para Nilson Leitão"; declarou o delator.
Guizardi nega ter recebido qualquer tipo de ameaça do empresário Alan Malouf.
O delator relatou que o escritório utilizado pela suposta organização para tratar sobre o esquema na Seduc foi pago com dinheiro de propina e que era Edezio pessoa responsável por trabalhar na sala e auxiliava na elaboração de planilhas do pagamento de propina.
Além disso, Guizardi afirmou que foi Edezio que realizou depósito no valor de R$ 30 mil destinado a uma rádio de Sinop. "Descobrimos que esse dinheiro foi enviado para o deputado Nilson Leitão. O Edezio sempre soube que o dinheiro era de propina" declarou o empresário ao encerrar o depoimento.
Começa o depoimento do empresário Luiz Fernando da Costa Rondon.
O delator afirmou que nunca teve contato com o empresário Alan Malouf e que se envolvimento no esquema foi por meio do servidor Fabio Frigeli que teria o abordado e falado como funcionava o esquema.
"Se eu quisesse receber do governo do Estado teria que pagar propina. Como tinha para receber um crédito do Estado tive que pagar a propina para eles" relatou.
Ele conta que nunca tratou de pagamento de propina com o secretário Perminio Pinto, e que a cobrança era feita por Fábio Frigeli e Giovani Guizardi.
"O acordo era que o empresário que não pagava propina não iria receber. Ficou combinado com os mais de 15 empresários que quem não tinha obra com o Estado em execução teria prioridade para vencer licitação para que todos ganhassem", relatou o delator.
O empresário contou que em um determinado momento os empresários não concordavam mais em pagar 5% de propina relacionada as obras, e que Giovani Guizardi determinou que fosse montado uma Comissão para avaliar sobre a redução.
Ao encerrar depoimento nega conhecer envolvimento de outras pessoas na cobrança de propina, como do empresário Alan Malouf.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).