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Nacional Quinta-feira, 06 de Agosto de 2015, 09:12 - A | A

Quinta-feira, 06 de Agosto de 2015, 09h:12 - A | A

Em São Paulo

Após passar pela UPA e ver marido surtar por demora, mulher sofre aborto

Casal acusa médicos de negligência, após esperar 2 horas por atendimento

G1.com

Uma empregada doméstica de Ribeirão Preto (SP) acusa a equipe da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de negligência médica, após sofrer um aborto no domingo (2). Ela relata que um dia antes procurou a unidade com fortes dores abdominais e sangramento, esperou duas horas pela consulta e acabou deixando a unidade sem ser atendida.

O caso ganhou repercussão depois que o marido da paciente, irritado com a demora do atendimento, quebrou computadores e uma porta da recepção da UPA. O vendedor ambulante, de 35 anos, foi preso, pagou fiança de R$ 800 e acabou liberado, mas responderá pelo crime de dano ao patrimônio público.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que a UPA segue o protocolo internacional de avaliação de risco, com “classificação de gravidade do quadro a partir do relato dos pacientes.” No sábado (1º), segundo a pasta, a mulher foi atendida pela enfermeira relatando estar com cólica e em período menstrual.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) informou que vai instaurar uma sindicância para apurar a conduta dos profissionais envolvidos no caso.

Descaso

A doméstica conta que não sabia que estava grávida e no último sábado (1º) acordou com dores abdominais e sangramento. Por isso, decidiu procurar atendimento médico na UPA, junto com o marido. Segundo ela, o casal chegou à unidade por volta de 13h e, após passar pela triagem, ficou aguardando pela consulta até 15h30.

“Eu sei muito bem diferenciar cólica menstrual do que estava sentindo. Ela falou que eu tinha que aguardar. Chegou um momento em que eu já não estava aguentando mais. Eu ia toda hora ao banheiro com muito sangramento e muita dor, e saía muitos coágulos de sangue”, afirma a mulher, que não quis se identificar.

Ainda de acordo com a paciente, o marido chegou a pedir a três atendentes para darem prioridade ao caso dela, mas nada foi feito. Nesse momento, o vendedor se descontrolou e jogou dois computadores, uma impressora e um telefone no chão, além de chutar uma das portas da recepção.

O homem foi detido por outros pacientes e levado pela Guarda Civil Municipal à Central de Flagrantes da Polícia Civil. A mulher diz que acompanhou o marido o tempo todo e, após o pagamento da fiança, ambos voltaram para casa, apesar das dores que sentia.

No dia seguinte, ainda com os mesmos sintomas, a mulher buscou atendimento na Unidade Básica Distrital de Saúde Central, onde foi constatado o aborto. A doméstica estava grávida de 12 semanas e foi encaminhada à Santa Casa da cidade.

“Ela [a médica] falou que eu já estava abortando no sábado. Mas, se eu tivesse sido atendida, não teria sofrido o tanto que sofri. Eu tenho uma filha de 8 anos e no parto dela eu não sofri como eu sofri dessa vez”, diz a paciente.

Arrependimento

O marido da doméstica afirma que se arrependeu de ter quebrado os equipamentos dentro da UPA, mas diz que a família vai processar a Secretaria da Saúde por negligência médica. “Eu estava em um estado de necessidade, ou seja, se eu não fizesse nada, minha esposa estava correndo risco de morrer”, diz o vendedor, que também prefere não se identificar.

Ele conta ainda que conversou com as atendentes diversas vezes, pedindo que tratassem o caso como urgência, mas nenhuma atitude foi tomada. “A maior prova que eu tenho é o circuito de víde. Nós vamos pedir para o secretário esse circuito, para provar que, por várias vezes, eu dialoguei com eles, pedi, supliquei várias vezes e não obtive êxito”, reclama.

Investigação

O casal registrou um boletim de ocorrência para que a Polícia Civil investigue o caso. O Cremesp também foi informado e, segundo o conselheiro corregedor Eduardo Luis Bin, deve instaurar uma sindicância nos próximos dias para averiguar se os procedimentos adotados pela UPA estavam de acordo.

“Primeiramente, vamos tomar ciência dos fatos e abrir uma sindicância. A gente procura sempre orientar os administradores da UPA de que essa triagem de urgência e menos urgência deve ser feita com mais precisão porque, normalmente, é isso que pode ocorrer”, afirma Bin.

O conselheiro critica a atitude do marido da paciente, mas destaca que a agressividade com que ele agiu não justificaria a qualidade do atendimento prestado. “Isso é um atenuante, mas não interfere na atuação do médico. O médico, na medida em que tem o caso de um sangramento, um caso grave, pode passar na frente e fazer um atendimento mais urgente.”

Nada de superlotação

Em nota, o secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Stênio Miranda, explica que a UPA segue um protocolo internacional de avaliação de risco, adotado pelo Ministério da Saúde, com classificação da gravidade de acordo com o relato do paciente.

No sábado, segundo o comunicado, a paciente chegou à unidade às 14h e, durante o processo de triagem, relatou cólica, em período menstrual, quadro que não foi considerado grave. “Às 15h, seu acompanhante praticou ato de vandalismo na UPA, quebrando os equipamentos da recepção e prejudicando o atendimento de todos os pacientes que aguardavam na unidade”, informa a nota.

Ainda de acordo Miranda, ao procurar atendimento na UBDS Central no domingo, a doméstica “informou que sangrava há nove dias”, quando foi constatado o aborto. A paciente foi então regulada para a Santa Casa e transferida em ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Miranda também nega superlotação e demora nos atendimentos da UPA no sábado. “As urgências e emergências, como sempre, eram atendidas imediatamente. O tempo de espera para atendimento de crianças era de dez minutos, o necessário para emissão da ficha de recepção e avaliação preliminar das condições dos pacientes. Havia cinco leitos vagos na ala de observação (que conta com dez leitos) e três na sala de urgência (que tem cinco leitos).”

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