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Nacional Domingo, 08 de Fevereiro de 2015, 21:00 - A | A

Domingo, 08 de Fevereiro de 2015, 21h:00 - A | A

Crítica a Dilma

Em sua página no Facebook, o ator Ary Fontoura escreve textos contra governo Dilma

Ary Fontoura faz sucesso no Facebook com textos contra o governo: "Não quero que a Dilma se dê um tiro na cabeça"

Revista Época

Ary Fontoura vive um artista esquecido pelo público que cria um universo próprio, cercado pelo ego e pelo autoengano, na peça O Comediante, em cartaz em São Paulo. Situação nada parecida com a vida e carreira de Ary que, aos 82 anos, chega aos 60 de carreira – 49 deles só na TV Globo – com uma galeria de tipos que ficaram marcados nas novelas, como o inesquecível Nonô Corrêa da novela Amor com Amor se Paga (1984). "Estou muito satisfeito com tudo o que fiz e faço”, afirma o ator, que recentemente descobriu outra maneira de se expressar: as redes sociais. Seu perfil no Facebook conta quase dois milhões de seguidores, muitos deles arrebanhados depois que ele publicou um texto no qual criticava o governo da presidente Dilma Rousseff. “Sou contra o tipo de política que se faz no país. E contra essa letargia que impede que o Brasil progrida”, afirma.

Sua peça fala do ego dos artistas. Já foi vítima dele?

Caí nessa armadilha quando comecei a sentir a influência de meus trabalhos, principalmente na TV. Eu saía à rua e era assediado, fotografado. Pensei: estou ficando poderoso. Depois, mais tarde, pensava: como eu estou ficando besta. Quando você vive bastante, percebe que muitas das coisas que você valorizou o fez sem razão. Outras que você deixou de valorizar é que são as definitivas. Você começa de maneira simples e vai complicando. Essa simplicidade que precisa ser permanente.

Você foi cantor antes de atuar?

Sim, eu morava em Curitiba, uma cidade pequena, na época.  Apresentava-me em restaurantes e churrascarias, para pessoas que estavam mais preocupadas em comer do que me ouvir. Certa vez, tinha uma senhora na plateia, com um casaco de pele, muito distinta. Mandou-me um cartão dizendo: olha, você canta muito bem, me procure em tal endereço, tenho uma perspectiva para você.  Ela era dona de uma rede de bordéis. Fui procurá-la. Ela foi muito profissional. Não me agarrou, como eu temia que pudesse acontecer (risos).  Comecei a cantar nas casas que ela tinha. Era uma situação muito confortável, ganhava meu dinheiro. A frequência  era permanente. Eu encantava a noite das pessoas, preparava o clima para o que iria acontecer posteriormente.

Como é seu papel no filme que está fazendo com o Hector Babenco?

Se chama Meu amigo Hindu( que tem o ator americano Willem Dafoe como protagonista).  Na verdade, é uma participação, uma homenagem para o Babenco que eu e outros colegas aceitamos fazer.  São figurações de luxo em um trabalho primoroso que ele está fazendo.

De onde vem sua vitalidade para fazer tantas coisas?

Sempre que posso, faço algum exercício, nado ou faço esteira, me alimento de maneira equilibrada. Porém, o mais importante, é que não me deixo ser tomado por uma rabugice extrema. Quem vive com inteligência, vive melhor. É preciso acioná-la sempre.  Minha vitalidade, claro, não é a mesma de antes, mas acredito que ela seja um pouco mais além da infinidade de pessoas que, lamentavelmente, se entregaram. Eu adoro trabalhar. Preciso estar sempre em atividade. Não é idade que determina o que você tem que fazer, é você.

Seus textos no Facebook repercutem bastante. É você mesmo quem escreve?

Foi um assessor quem me sugeriu fazer a página. Eu disse que não dispunha de tempo, não queria algo diário, com compromisso. Ele me disse que poderíamos fazer em conjunto, que eu mandaria o material, ele postaria. Mas a intenção era pura e simplesmente ter uma página.  Nunca pensei que tivesse uma dimensão tão grande. Eu me assustei: já são quase dois milhões de seguidores. Resolvi, então, que deveria exercer meu papel de cidadão, espernear um pouquinho e expor meus sentimentos, sobretudo em relação à política. Tornar a página mais densa do que a superficialidade de postar apenas fotos com meus cachorros ou dos meus trabalhos na TV e no palco.

Você fez o texto sobre a Dilma, criticando bastante. Temeu represálias?

Não tenho partido algum. Durante toda a minha vida, sempre achei que o Brasil nunca teve um presidente como deveria ter. Até que o Lula apareceu, boas propostas e pretensões excelentes. Votei nele duas vezes. No segundo mandato, já senti uma defasagem. Aí veio a Dilma. Ela foi uma pessoa utilizada pelo PT para a manutenção do poder. Sou um cidadão comum, que contribuo com o meu dinheiro para o ordenado dela.  Então, eu quero que ela governe para mim também. Faço parte de uma parcela dos que não gostam do que está acontecendo. Milhares pessoas dizem isso, mas não têm a oportunidade que eu tenho, de ter a mídia para me expressar. Por que vou calar a minha boca?

Você sugeriu que a Dilma renunciasse?

No post aparecia o começo do texto no qual eu falava em renúncia. Depois vem aquele “leia mais” do Facebook. Mas ninguém leu tudo. Só leram a parte da renúncia, na qual eu falava do suicídio do Getúlio (Vargas). Não quero que a Dilma se dê um tiro na cabeça.  Ou que as forças ocultas a pressionem. Quero que ela renuncie a tudo o que é ruim, velho, que atrapalha o governo. Mas os petistas não entenderam, pois só leram a primeira parte.

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