por Edina Araújo*

O perfil de Walace Guimarães no facebook informa que o prefeito é médico especialista em ginecologia e obstetrícia, além de estar cursando pós-graduação em gerenciamento de cidades. Obstetra é parteiro. Gerente é tomador de decisões. Assim sendo, o prefeito é um parteiro tomador de decisões.

Desconhecendo a medicina não posso avaliar Walace Guimarães como parteiro. Mas como a teoria geral da administração - ensina que todos são administradores por natureza, por tomar as decisões exigidas na vida diária, posso avaliar as decisões do prefeito, do ponto de vista empírico-administrativo. Avalio.

Walace Guimarães foi eleito com 47.338 votos; isso equivale apenas 35,14% dos votos válidos, que quer dizer que 64,86% dos eleitores não queriam Walace como prefeito.

Os votos do prefeito representaram, ainda, apenas 18,74% da população do município, o que significa dizer que 81,26% da população não queria Walace como prefeito. Walace Guimarães foi à opção que restou para quem não queria votar em Tião da Zaeli e Lucimar Campos. E mesmo quem votou nele já demonstra arrependimento.

Uma pesquisa divulgada no VG Notícias em 04/04/2014, feita pelo Instituto KGM, trouxe o grau de satisfação dos cidadãos com o governo do atual prefeito.

A pesquisa indicou que 86,3% das pessoas reprovam a administração atual. O fato de esse resultado ser superior a 81,26% (quem não o queria inicialmente) significa que Walace Guimarães está perdendo a aceitação mesmo entre aqueles que votaram nele.

Bastou apenas um ano para que o prefeito tomasse decisões que até quem o elegeu desaprova. Com o resultado da pesquisa, os cidadãos expressam que Walace não vem aprendendo muita coisa em sua pós-graduação em gerência de cidades. E um exemplo ilustra uma das razões da desaprovação.

A folha de pagamento do município sempre foi um problema sério. De funcionários fantasmas à distribuição de cargos comissionados, sempre houve muitos indicadores de uma péssima condução da folha. Walace Guimarães conseguiu agravar esse problema, mesmo estudando gerenciamento.

A folha de pagamento é composta de ocupantes de cargos efetivos, de funcionários contratados temporariamente e de cargos comissionados. Efetivos e contratados temporariamente recebem baixíssimos salários. Já os comissionados são presenteados com cargos de salários compensatórios.

Sobre a remuneração de efetivos, temporários e comissionados incide imposto de renda, mas quem recebe até R$ 1.900 mil por mês está isento do imposto. Quem ganha acima disso tem o imposto de renda retido pela fonte pagadora, no caso a prefeitura.

Quem conhece a realidade dos trabalhadores do município sabe que a maior parte dos efetivos ganha menos do que R$ 1.900 mil, por isso não tem imposto retido pela prefeitura. Restam os comissionados. E há uma correlação direta: quanto mais imposto de renda a prefeitura retém, mais significa que a folha está inchada de cargos comissionados, aqueles com ganhos acima do limite de isenção do imposto de renda.

No auge da baderna instaurada pelo republicano Murilo Domingos, a imprensa noticiava diariamente o problema da folha de pagamento. E as oscilações e o inchaço na folha de pagamento podem ser vistos a partir do total de imposto de renda retido na época do ex-prefeito.

Em 2010, o imposto de renda retido pela prefeitura sofreu decréscimo de 22%. A retenção caiu de R$ 3.435.172,57 para R$ 2.669.194,96, em aparente sinal de redução de cargos comissionados. Mas a queda é apenas aparente. A retenção em 2010 ficou menor porque o caos de 2009 foi muito maior. A situação deixou de ser péssima e passou a ser ruim.

Em 2011, o imposto de renda retido pela prefeitura cresceu 51%, saltou de R$ 2.669.194,96 para R$ 4.030,958, momento em que Murilo Domingos mais inchou a folha de pagamento. No auge da mais gritante desordem, o ex-prefeito fez a retenção do imposto de renda subir 51%.

Como se não fosse suficiente, em 2012, Murilo Domingos continuou sua cavalgada rumo ao absurdo. A retenção do imposto de renda cresceu mais 17% e alcançou R$ 4.721.454,48.

Depois do inchaço implantado pelo prefeito anterior, era de se esperar que o gerenciamento escalafobético da folha de pagamento cessasse na administração de Walace Guimarães. Mas não foi isso o que ocorreu.

Em 2013, primeiro ano de mandato do atual prefeito, a retenção do imposto de renda subiu 70% (isto mesmo, 70%), saindo de R$ 4.721.454,48 para R$ 8.036,994,90. Esse salto evidencia que Walace Guimarães deu continuidade e aumentou o inchaço promovido por Murilo Domingos na folha de pagamento. E o pior: em um inchaço com pessoas que nada de bom oferecem à população que paga essa conta.

Em razão da experiência em medicina, por anos e anos, parece impossível crer que o prefeito seja tão mau médico quanto é mau gerente, porque, se assim fosse, ele seria notícia nacional em razão da taxa de mortalidade daqueles que viessem à luz em razão de seus atendimentos. Mas não é o caso.

E se tem experiência em anos e anos como médico -, e é mau gerente de cidades, talvez sua especialidade esteja errada. É provável que a população de Várzea Grande tenha como prefeito não um obstetra, mas um proctologista, que não aprendeu nada sobre gerenciamento de cidades, mas esteja distribuindo aos munícipes várzea-grandenses, exame da área que deveria realmente ser sua especialidade “proctologista”.