A situação da ex-juíza e senadora eleita, Selma Arruda (PSL), está cada vez mais complicada. A quebra de sigilo da senadora eleita e de seu suplente, Gilberto Possamai, será entregue pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil, no sistema Simba (Sistema de Investigação de Movimentação Bancárias), usado pela Polícia Federal (PF) inclusive para analisar as contas dos investigados da operação Lava Jato.
O pedido da Procuradoria Regional Eleitoral foi deferido pelo desembargador Pedro Sakamoto, do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE/MT), na semana passada, que já encaminhou ofício às instituições financeiras - e em 10 dias as informações devem chegar à Justiça.
Sakamoto determinou a quebra de sigilo de 01 de abril até 04 de setembro. Porém, o PSD e Carlos Fávaro ingressaram com uma ação independente, mas o desembargador entendeu que se tratava do mesmo objeto da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), de Sebastião Carlos Gomes e da Procuradoria Eleitoral, com pedido de quebra de sigilo e abuso de poder econômico - por isso decidiu juntar as ações.
A defesa de Fávaro pediu para estender o prazo da quebra de sigilo - porque suspeitava que havia outros gastos além dos cobrados pelo publicitário Luiz Gonzaga Rodrigues Júnior, o Brasa, da empresa Genius AT Work Produções Cinematográficas Ltda. A ação tramita na 10ª Vara Cível de Cuiabá.
Segundo confidenciou uma fonte do oticias, a quebra de sigilo é de toda a pré-campanha até 4 de setembro, quando Selma Arruda rompeu contrato com o publicitário, que cobra a dívida na Justiça.
Os advogados do PSD e de Carlos Fávaro queriam que a quebra de sigilo fosse de março até dois dias antes das eleições, para ver se havia mais gastos fora do declarado à Justiça Eleitoral, ou seja, ‘caixa dois’. Contudo, o desembargador Pedro Sakamoto entendeu que não era necessário estender o prazo, porque o período solicitado pela Procuradoria já é suficiente para processo.
Fontes do oticias confidenciaram, que há indícios de gastos não declarados à Justiça Eleitoral, para pagamento de assessoria de marketing e pesquisas, no valor que pode chegar a R$ 1 milhão.
Prestação de Contas – Além da quebra de sigilo, a prestação de contas de campanha da senadora eleita pode ser outro problema para ela. O relator das contas, juiz-membro do Tribunal Regional Eleitoral, Ulisses Rabaneda, solicitou à Corregedoria Regional Eleitoral o compartilhamento das provas já materializadas e àquelas que vierem a ser produzidas nas Ações de Investigação Judicial eleitoral (AIJE) que apuram suposto caixa dois e abuso de poder econômico na campanha de Selma.
Rabaneda solicitou diligências para que os prestadores de contas fossem intimados objetivando "apresentação dos documentos necessários (contratos, notas fiscais, etc.)" à sua comprovação.
“Ocorre que tramitam nesta Justiça Especializada duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral, que questionam exatamente a regularidade ou não da arrecadação e gastos financeiros efetuados pelos prestadores de contas em relação a empresa GENIUS AT WORK PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA” cita o juiz-membro.
O relator da AIJE, Pedro Sakamoto autorizou o compartilhamento de todas as provas colhidas ainda daquelas a serem produzidas nas AIJES.
“Contudo, ressalto que o feito n 0601616-19.2018 tramita com sigilo dos dados bancários dos representantes Selma Rosane Arruda e Gilberto Egalir Possamai, de maneira que reputo que igual providência deverá ser adotada na prestação de contas destinatária das provas, impondo-se a todos que nele oficiarem, o dever de zelar pelo sigilo das informações disponíveis”, decide Pedro Sakamoto.
Outro lado – A reportagem entrou em contato com o advogado de Selma, Diogo Sachs, porém ele não atendeu às ligações e até o fechamento da matéria não retornou as ligações.