Conhecido como Jejé de Oyá, José Jacinto de Siqueira Arruda não passava despercebido pelas ruas de Cuiabá. Suas roupas lembravam sua origem africana e estavam sempre repletas de pedras, brilhos e joias.
A vaidade era tão grande que recusava revelar sua idade. Médicos e amigos mais antigos diziam que já passava dos 90 anos, mas os documentos foram falsificados, ao menos, duas vezes por Jejé, e, no final, acabaram atestando sua idade como 81 anos.
Nascido na cidade de Rosário Oeste (MT), foi adotado quando tinha apenas quatro anos por uma família influente de Cuiabá. Com isso, foi estudar em um internato da capital mato grossense, onde adquiriu duas paixões: a vida religiosa e a alfaiataria.
Pretendia seguir a primeira, mas desistiu após saber que, por ser negro, só poderia seguir a Associação Beneditina, em Minas. Com isso, optou pela profissão de alfaiate, vestindo bispos, políticos e famílias importantes.
Próximo de pessoas influentes, frequentou os salões mais badalados da região, deixando para trás a época em que era discriminado por ser negro, homossexual e seguidor da Umbanda.
Na década de 1960, passou a viver dessa agitação. Virou colunista social e depois carnavalesco. "Era uma agitador nato. Festa sem Jejé não era festa", conta o amigo Willian.
As baladas só cessaram nos anos 2000 por conta de problemas de saúde. Teve três AVCs (acidentes vasculares cerebrais) e duas paradas cardíacas nos últimos anos.
Morre dia 11, após uma parada respiratória. Sem familiares vivos, deixa amigos."
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