A deputada federal Luíza Erundina (PSOL) disse que "entre os poucos pontos positivos desta crise é o fato de a sociedade ter passado a discutir a política". A declaração da parlamentar foi feita ao programa "Mariana Godoy Entrevista" nessa sexta-feira (13.05).
Sobre as manifestações realizadas contra o governo Michel Temer, Erundina afirmou que é muito difícil Temer conseguir governar. Para ela, o governo do peemedebista é ilegítimo, sem credibilidade classificou como “golpe e traição”.
"Eu acho muito difícil que Temer consiga governar (…) Este é um governo ilegítimo, sem credibilidade, culpa de golpe, de traição (…) É preciso ter o apoio popular, a sociedade está dividida".
A deputada, ao contrário do senador Agripino Maia (DEM), acredita no retorno de Dilma "em outras condições": Ela não acredita que a massa que está nas ruas desista de manifestar e apoiar a presidente afastada Dilma Rousseff. "Não acredito que esta massa que está nas ruas vá embora agora".
Na avaliação de Luíza Erundina, a realização de novas eleições "seria o ideal": "Foi uma das falhas do governo, inclusive o de Dilma, que eles não fizeram uma aliança com a sociedade civil organizada (…) O que evita o toma lá, dá cá é a sociedade vigilante, organizando, cobrando, e acho que este clima começa a existir no país. É preciso lutar por novas eleições e uma reforma política profunda". Para ela, o mais importante de uma reforma política seria “a democracia direta, a democracia participativa”.
Segundo a deputada, "o mundo inteiro está procurando este modelo".
A política avalia que "o PT não governou com o povo": "Se exercita o poder com a participação popular, um governo democrático, as decisões mais importantes do governo devem passar pelo crivo da sociedade organizada (…) Eles não governaram com o povo".
Segundo Erundina, "o PT capitulou de sua ideia original". "O PT era um partido militante, um partido popular, um partido de massa que nasceu genuinamente da massa da sociedade e com um sonho, uma utopia que moveu a todos nós (…) E lamentavelmente esse projeto se esvaiu pois abriu a possibilidade do PT disputar o poder". Para Erundina, o rompimento com "as classes populares" foi o que esvaziou o PT.
A ex-prefeita de São Paulo diz que "não há salvador de pátria, não há indivíduo capaz de capitalizar a vontade coletiva de uma nação (…) Isso não existe, mais cedo ou mais tarde ele está confundindo com uma massa ou um projeto que não tem mais nada a ver com o que surgiu desta liderança".
Sobre a situação de Waldir Maranhão, atual presidente da Câmara dos Deputados, Erundina disse que ele é "produto disto que está aí". A deputada condenou as movimentações dele contra o processo do Conselho de Ética de Eduardo Cunha.
Erundina afirmou que ocupou a cadeira da Presidência da Câmara dos Deputados como um "ato de desobediência civil": "Aquela é uma cadeira da sociedade. O povo define quem colocar lá para representar os direitos da sociedade. Mas aquela cadeira tem sido muito pouco ocupada por aqueles que tenham interesse da sociedade (...) O povo ainda não se deu conta de quem está elegendo".
Para a política, o "interesse do parlamentar está nas vantagens debaixo do pano, onde ele se enriquece". "Eu não gosto nem escolho a pobreza, eu escolho a liberdade. Quando você acumula coisas, você acumula, acumula e perde a vida. Quando você compra algo caro, você acumula dívida, você perde a tua liberdade, olha que maneira linda de viver".
Erundina pediu ainda que os jovens "se reencantem com a política": "Não podemos generalizar a avaliação da política pelos maus políticos. Eles são muitos. Mas é preciso que a sociedade se assuma como poder político".
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