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Opinião Quarta-feira, 13 de Maio de 2015, 16:49 - A | A

Quarta-feira, 13 de Maio de 2015, 16h:49 - A | A

Boatos politiqueiros intoxicam economia

Fragilidade da economia brasileira chegou a um nível tão alarmante que até fofocas mal intencionadas, com viés claramente político-partidário, estão causando grandes impactos

por Fabrício Salomão *

A caderneta de poupança brasileira -- incluindo o montante aplicado em todos os bancos públicos e privados do país -- já perdeu R$ 29 bilhões em recursos este ano, segundo o Banco Central. É a maior alta de retiradas já contabilizada desde 1995.

Para bom entendedor, na mais simplista de todas as lógicas, fica claro que o resultado imediato de menos dinheiro nos bancos é a redução do volume de empréstimos. As regras para concessão de novos contratos ficaram mais rígidas, principalmente os financiamentos imobiliários. Entretanto, todas as modalidades de crédito são afetadas, inevitavelmente. Inclusive os custeios estudantis.

O interessante, porém, é voltar um pouco atrás e refletir sobre os motivos que levaram as retiradas das poupanças a baterem recorde neste ano. Alguns dirão alta de inflação, aumento de impostos e taxas e endividamento das famílias. Não estão errados. Contudo, convêm lembrar que até pouco tempo atrás, vimos um grande alvoroço sobre um possível confisco desses recursos, numa medida supostamente arbitrária que o Governo Federal tomaria. Um boato irresponsável, que começou na Câmara dos Deputados por líderes oposicionistas (por que será?), e se espalhou pelo país como fato líquido e certo - principalmente por meio das redes sociais.

Poucos se preocuparam em procurar fontes oficiais para confirmar o "diz que me diz". Raros se lembraram que depois do ocorrido em 1990 (Plano Collor), primeira e única vez na qual se ouviu falar em sequestro de aplicações financeiras (inclusive a poupança), foi acrescentada à Constituição Federal uma regra proibindo essa prática no Brasil. O artigo 62 da Emenda Constitucional 32/2001 veda a edição de Medida Provisória "que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro".

Ora, se o Governo não pode fazer isso (medida provisória é ato exclusivo do poder executivo), não seriam os legisladores (deputados e senadores), críticos ferrenhos dessa prática, os autores de uma proposição de lei versando sobre tal assunto. Trocando em miúdos, o boato era tão desprovido de fundamento que chega a ser cômico, se não trágico, tanta crença nele.

Estupidez de um lado, ignorância de outro, ingenuidade aqui e incerteza acolá, a verdade é quem caiu no "conto do vigário" e "rapou" suas economias nas poupanças (ou até mesmo fez a fofoca correr à "boca de Matilde") acabou se tornando massa de manobra para os que tinham, pura e simplesmente, a intenção de "sujar" a imagem do atual governo. Não se trata de defender ou censurar partidos, nesse caso – mas sim de uma análise real do acontecido.

Tamanha irresponsabilidade neste boato contribuiu - e muito - para o vigente cenário de fragilidade da caderneta de poupança. E em tempos de crise econômica, uma fagulha como esta pode se tornar um incêndio incontrolável num piscar de olhos. Novos boatos estão começando a surgir e, daqui para frente, só Deus sabe o que pode acontecer. Filtrar as informações e checar a fonte dos dados pode ajudar sua nação a voltar aos eixos. Pense nisso!

* Fabrício Salomão é jornalista graduado pela UFMT e atualmente trabalha com finanças no setor público em Mato Grosso

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Poupança 14/05/2015

Poupança rende em média 6,5% AO ANO, enquanto os juros de cheques especiais giram em torno de 9% AO MÊS.
AGORA A CULPA DE RETIRAREM O DINHEIRO DA POUPANÇA É DE UM BOATO. TÁ BOM ACREDITO.

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