Um flagrante de maus tratos contra crianças daqueles que revolta qualquer um: pais de bebês descobriram que a funcionária de uma creche de Porto Ferreira, no interior de São Paulo, chacoalhava e batia em crianças de pouco mais de um ano de idade.

A desconfiança do pai levantou a suspeita. O filho de Maurício, de apenas 1 ano e 5 meses, voltava diferente da creche. “Foi chegar na criança, quando ela estava fazendo uma arte, alguma coisa de corrigir, de conversar, de educar. E ela se acuar. A gente chamou outros pais e conversamos entre si, para poder saber o que poderia ter acontecido”, diz Maurício Picinatti, pai.

Eles resolveram agir. “A gente teve essa ideia de colocar uma microcâmera plugada, camuflada dentro de uma mochila para poder pegar as imagens e ver o que poderia estar acontecendo”, afirma Maurício.

Nas imagens, uma funcionária faz as unhas da outra enquanto as crianças brincam. De repente, a primeira agressão. “Pode sentar lá, você também, ah, para de mania você também, ah que saco, ah, começa a encher o saco, para”, diz uma funcionária no vídeo.

Logo em seguida, grita para um menino sentar e vai em direção a ele: “Quando eu falo para você sentar, é para você sentar. Você não está na sua casa. Você tá ouvindo?”

A monitora também se irrita quando outra criança tenta tirar o sapato. “O que eu falei para você? É para tirar do pé? Cansei de falar para você parar de tirar essa m... do pé”.

Em um trecho do vídeo, a mulher não aparece, mas dá para ver quando ela arremessa brinquedos em direção às crianças.

Os pais entregaram o vídeo para diretora do departamento de Educação. “É um momento de extrema revolta, de vergonha de ser educadora. Porque isso é uma coisa inadmissível”, afirma Maria Regina Nery, diretora do departamento de Educação.

A prefeitura de Porto Ferreira abriu sindicância para apurar o comportamento das funcionárias da creche, que é municipal. As duas foram afastadas e podem ser exoneradas. A polícia teve acesso às imagens e já indiciou as mulheres por maus tratos. “O próximo passo é definir com exatidão o número de vítimas e convocar, intimar essa mulher, conduzi-la a delegacia para ser interrogada”, diz Miguel Capobianco, delegado.

O delegado disse ainda que a outra funcionária, que viu as agressões e não reagiu, também vai ser intimada e pode ser presa.