A presidente Dilma Rousseff afirmou, nesta sexta-feira (28), que a sociedade brasileira tem "muito o que avançar no combate à violência contra a mulher". Por meio de sua conta no Twitter, Dilma comentou estudo divulgado nesta quinta pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Segundo o material do Ipea, 58,5% dos entrevistados concordam totalmente (35,3%) ou parcialmente (23,2%) com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".
"Pesquisa do @ipeaonline mostrou q a sociedade brasileira ainda tem muito o q avançar no combate à violência contra a mulher #Respeito", escreveu Dilma. "Mostra também q governo e sociedade devem trabalhar juntos p atacar a violência contra a mulher, dentro e fora dos lares."
Estudo
No documento, intitulado "Tolerância social à violência contra as mulheres", o Ipea questionou os entrevistados sobre afirmações pré-formuladas pelo instituto. As pessoas deviam dizer se concordavam totalmente ou parcialmente, se discordavam totalmente ou parcialmente ou se tinham uma posição de neutralidade em relação ao assunto.
Foram ouvidas 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado em 212 cidades. Do total de entrevistados, 66,5% são mulheres.
Para os pesquisadores do Ipea, as respostas revelam que "constitui importante desafio reduzir os casos de violência contra as mulheres. (...) Uma das formas de se alcançar a diminuição deste fenômeno, além da garantia de punição para os agressores, é a educação. Transformar a cultura machista que permite que mulheres sejam mortas por romperem relacionamentos amorosos, ou que sejam espancadas por não satisfazerem seus maridos ou simplesmente por trabalharem fora de casa é o maior desafio atualmente".
Veja abaixo algumas das principais afirmações sobre violência contra a mulher formuladas pelo Ipea para a pesquisa e os resultados das respostas:
"Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia"
78,1% concordam totalmente
13,3% concordam parcialmente
5% discordam totalmente
2% discordam parcialmente
1,6% se dizem neutros em relação à afirmação
"Dá para entender que um homem que cresceu em uma família violenta agrida sua mulher"
18,1% concordam totalmente
15,8% concordam parcialmente
54,4% discordam totalmente
9,3% discordam parcialmente
2,4% se dizem neutros em relação à afirmação
"A questão da violência contra as mulheres recebe mais importância do que merece"
10,5% concordam totalmente
11,9% concordam parcialmente
56,9% discordam totalmente
16,2% discordam parcialmente
4,5% se dizem neutros em relação à afirmação
"Casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família"
33,3% concordam totalmente
29,7% concordam parcialmente
25,2% discordam totalmente
9,3% discordam parcialmente
2,5% se dizem neutros em relação à afirmação
"Quando há violência, os casais devem se separar"
61,7% concordam totalmente
23,3% concordam parcialmente
8,8% discordam totalmente
3,8% discordam parcialmente
2,4% se dizem neutros em relação à afirmação
"A mulher que apanha em casa deve ficar quieta para não prejudicar os filhos"
7% concordam totalmente
8,5% concordam parcialmente
69,8% discordam totalmente
12,3% discordam parcialmente
2,4% se dizem neutros em relação à afirmação.
"Um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher"
3,9% concordam totalmente
4,9% concordam parcialmente
76,4% discordam totalmente
12,8% discordam parcialmente
2% se dizem neutros em relação à afirmação
"A mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo quando não tem vontade"
14% concordam totalmente
13,2% concordam parcialmente
54% discordam totalmente
11,3% discordam parcialmente
7% se dizem neutros em relação à afirmação
"Tem mulher que é pra casar, tem mulher que é pra cama"
34,6% concordam totalmente
20,3% concordam parcialmente
26,4% discordam totalmente
8,9% discordam parcialmente
9,5% se dizem neutros em relação à afirmação