Um exercício hipotético daria um nó na oposição brasileira. Imaginem que, numa viagem a Brasília, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, decidisse fazer um pequeno giro pelo Setor de Embaixadas. E que, por exemplo, se refugiasse na representação de países com os quais mantém boas relações, como, por exemplo, Venezuela, Cuba e a própria Bolívia.
Na condição de asilado, Dirceu estaria em território estrangeiro. E, portanto, não poderia ser preso. Réu mais notório da Ação Penal 470, o ex-ministro da Casa Civil se vê como alvo de uma perseguição política. Não por um governo, como alega o boliviano Roger Pinto Molina, que se diz perseguido por Evo Morales, mas pelo poder real, representado pela aliança entre impérios midiáticos e setores conservadores da sociedade brasileira. Se vier a ser preso, Dirceu continuará a dizer que foi alvo de uma condenação política, imposta por um tribunal de exceção.
Eis que surge, então, a hipótese da embaixada – uma alternativa ruim, mas nem tão desagradável como a eventual vida num presídio. Como o Brasil reagiria se um senador de outro país repetisse a ação de Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que pediu um jatinho emprestado a um empresário amigo para resgatar um político de outro país que responde a diversos processos? Será que os políticos da oposição, como fizeram Aloysio Nunes (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT) e Agripino Maia (DEM-RN) (leia aqui), editorialistas de jornais, caso do Estadão (leia aqui), e colunistas da grande imprensa, como fez Eliane Cantanhêde (leia aqui), defenderiam o gesto humanitário?
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