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Política Quinta-feira, 20 de Setembro de 2012, 11:06 - A | A

Quinta-feira, 20 de Setembro de 2012, 11h:06 - A | A

Mensalão

Valdemar é o retrato da corrupção no Brasil

Mais do que qualquer outro político, ele transformou seu partido numa legenda de aluguel, grande a ponto de ajudar a eleger Lula, em 2002. Ali nasceu o que hoje se conhece como mensalão e durante muito tempo Valdemar mandou no Ministério dos Transportes,

Brasil 247

 

No julgamento da Ação Penal 470, fala-se muito em José Dirceu, José Genoino, Marcos Valério, Roberto Jefferson, mas há um réu praticamente esquecido pelos meios de comunicação. E que, mais do que qualquer outro, simboliza a situação atual. Seu nome? Valdemar Costa Neto. Mais do que qualquer outro político, Valdemar fez da política um grande negócio e transformou seu partido, o PR (ex-PL), numa legenda de aluguel.

Filho de um ex-prefeito de Mogi das Cruzes (SP), Valdemar ingressou na política graças à amizade com Aécio Neves, no momento em que o avô do senador mineiro, Tancredo, se preparava para assumir a presidência da República. Valdemar conseguiu alguma influência no setor aeroportuário, mas era um personagem secundário da política.

Seu grande salto ocorreu em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva precisava conquistar o apoio da elite na quarta tentativa de chegar à presidência da República. E Valdemar tinha um trunfo: José Alencar, empresário do setor têxtil que sonhou em governar Minas Gerais e que cumpriu o papel de aproximar Lula do PIB nacional. Valdemar controlava ainda um partido, o PL, que crescia na Câmara dos Deputados e que, gradativamente, ampliava seu poder de pressão – ou de barganha – sobre o Poder Executivo.

Nessa aliança, nasceu um acordo de R$ 10 milhões, que deu origem ao que hoje se conhece como mensalão. O dinheiro arrecadado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, ajudaria também a eleger deputados do PR que estivessem dispostos a trabalhar por Lula na disputa em 2002. E das dívidas de campanha veio a aproximação com Marcos Valério, seguida dos empréstimos junto aos bancos mineiros.

Pelo apoio, Valdemar foi muito bem retribuído. Durante os oito anos do governo Lula, ele controlou o Ministério dos Transportes, que, embora tenha orçamento de mais de R$ 21 bilhões/ano, mantém estradas esburacadas, que tornam o escoamento da produção brasileira a cada dia mais caótico e matam dezenas de milhares de brasileiros todos os anos. Uma das figuras mais próximas a Valdemar, durante todo esse período, foi José Francisco das Neves, o “Juquinha”, da Valec, estatal responsável pelas ferrovias. Como se sabe, Juquinha enriqueceu e as ferrovias andaram devagar, quase parando. Outro amigo de Valdemar é Fernando Cavendish, dono da Delta, que o levou a Paris para assistir partidas de Roland Garros e se tornou o maior empreiteiro do PAC.

No início de seu governo, a presidente Dilma Rousseff decidiu dar um basta e demitiu Alfredo Nascimento, do PR. O partido, em vários momentos, escalou o deputado Lincoln Portela (PR-MG), como portador de recados de Valdemar, ameaçando deixar a base aliada. Dilma não recuou. Recentemente, às vésperas das eleições municipais, Valdemar deu o troco. Orientou seu partido, que em São Paulo elegeu Tirirca (o deputado mais votado do Brasil) a aderir à campanha de José Serra.

Terá sido de graça? Em se tratando de Valdemar, provavelmente não.

O deputado está prestes a ser condenado. Ontem, o relator da Ação Penal 470, Joaquim Barbosa, antecipou que irá condená-lo por corrupção passiva e formação de quadrilha, no que deve ser acompanhado pelos demais ministros da corte. Mas a questão que fica é: até quando, figuras como Valdemar, que controlam legendas de aluguel, terão poder para comandar áreas tão estratégicas para um país, como é o caso dos transportes?

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