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Cidades Sexta-feira, 06 de Junho de 2014, 08:30 - A | A

Sexta-feira, 06 de Junho de 2014, 08h:30 - A | A

Zero KM

Prostituição e drogas à porta da Copa; Famosa região de Várzea Grande, onde luxúria e tráfico de entorpecentes são realidade dia e noite

Famosa região de Várzea Grande, onde luxúria e tráfico de entorpecentes são realidade dia e noite, é vizinha do Aeroporto Marechal Rondon, porta de entrada de turistas da Copa do Mundo 2014 em Mato Grosso.

por Edina Araújo/VG Notícias

Basta trafegar já nos primeiros raios de sol da manhã, na região do Posto Zero Quilômetro, em Várzea Grande, para encontrar uma triste e antiga realidade. Garotas e garotos de programa vendendo seus corpos em plena luz do dia – e os clientes estacionando seus carros pelo local em busca de prazer rápido e barato.

Na década de 70, a região era dominada por travestis que atendiam a farta clientela de motoristas de veículos de carga pesada. Hoje, entretanto, por lá é possível encontrar clientes de classe média alta, entre empresários, políticos, médicos, advogados e outros profissionais de áreas elitizadas.

Este fato é um dos pontos reveladores da entrevista com Raissa, uma garota de programa de 28 anos que atua no local. A reportagem do VG Notícias esteve na região para conferir de perto como funciona a prostituição numa das regiões mais conhecidas e transitadas de Várzea Grande, vizinha do Aeroporto Marechal Rondon – porta de entrada de turistas da Copa do Mundo 2014. O bairro Jardim Potiguar, ou Zero Quilômetro - como é popularmente conhecido -, é sede dos motéis e casas noturnas mais antigas do município.

Embora os motéis estejam instalados nessa região central da cidade – justamente por conta da prostituição – a área é pouca valorizada e temida. Prestes a receber os passeantes que vierem a Mato Grosso prestigiar os jogos do Mundial, nada foi feito para melhorar a região. Um problema grave que ocorre há quase 30 anos, mesmo assim não há nenhuma ação ostensiva para coibir os atos ilegais ali cometidos, como a presença de menores e o tráfico de substâncias entorpecentes.

Todos os dias, 50 prostitutas - em média - ficam expostas no local a espera de cliente.  De acordo com F.R, 26, a vida de prostituição é um vício, como beber e fumar. Ela batalha como profissional do sexo há dois anos para sustentar os dois filhos pequenos, os quais não imaginam que a mãe é profissional do sexo.

Segundo ela, as garotas e os travestis não se misturam para defender o “pão de cada dia”. “Onde tem garota, não tem travesti, senão dá briga. Nós ficamos aqui de dia e, à noite, os travestis dominam a região”, informa F.R.

Ela descreve seus clientes como pertencentes a classe média alta e casados. Um programa simples, de 20 minutos, varia entre R$ 40 a 50 reais. Já um programa para casais pode chegar até 200.  Existe, ainda, o programa que ela classifica como completo, cujo valor pode custar ao cliente até R$ 150. De acordo com a F.R, sua renda pessoal pode chegar a R$ 5 mil mensais.

“Atendo, em média, quatro clientes ao dia e o pagamento do programa é adiantado. O motel fica por conta do cliente e na maioria das vezes recebo gorjetas. Se o motel custa R$ 20 ou R$ 40, alguns clientes fixos me pagam R$ 100 reais. Recebo o programa e me deixam o troco”, relata F.R – aparentemente satisfeita. O maior desafio para quem trabalha nesse ramo, segundo a garota, é o risco à própria vida. “Não sei quem é a pessoa que saio. Eu avalio pela fisionomia do cliente. Se achar que é de confiança, eu entro no carro”, explica.

Graziele (nome fictício), de 26 anos, outra garota de programa da região do Posto Zero, também optou pela prostituição para levar o sustento aos cinco filhos, sendo cada um de um pai. Ela conta que está nesta vida há dois anos. Veio da cidade de Sinop (500 km de Cuiabá), e deixa os filhos sob os cuidados de sua mãe – que há apenas seis meses tomou conhecimento que a filha faz programas em Várzea Grande. “Três dos meus filhos não sabem o paradeiro do pai. E dois deles eu entrei com uma ação na justiça para cobrar pensão alimentícia, pois o dinheiro de prostituição é insuficiente para sustentá-los”, justifica.

Os programas cobrados por Graziele seguem a média de valores praticados na região, embora ela já tenha atendido clientes por R$ 30, conforme seu próprio relato. Ela diz que a maioria dos clientes está na faixa etária dos 30 e possuem ensino superior. “Casais também nos procuram aqui, e deles cobro entre R$ 200 e 250. A maioria dos clientes quer sexo anal. Escuto de muitos que, se for para ter uma relação básica, preferem buscar as esposas”, relata.

Durante o período que a reportagem avaliou o local, pelo menos 10 veículos estacionaram e abordaram as garotas. “Os clientes fazem pesquisa de preço e uma forma de proteger a própria vida é entrar nos motéis próximos daqui”, ressalta Graziele.

Homossexualidade – Um fato curioso descoberto pela reportagem é que boa parte das garotas que fazem programa no Zero Quilômetro é homossexual, ou seja, vivem com outras mulheres. Mas, para sobreviverem, vendme o próprio corpo, como descreve J.L. “Tem dia que sinto nojo de mim mesma nos programas que faço”, relata. Quanto à segurança, ela afirma: “aqui é nós por nós e Deus por nós”.

As garotas trabalham no local, geralmente, das 8 às 17h. Elas precisam se retirar da região antes do anoitecer impreterivelmente. “Os travestis daqui são agressivos. Se eles chegam e nós estamos aqui ainda, corremos o risco de apanhar. Ou então, se um carro parar, eles podem jogar pedras”, lamenta uma das entrevistadas.

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